Hospital Júlia Kubitschek lança Campanha Anti-Tabagismo com acompanhamento multidisciplinar

Foto: Michelle Toledo<BR />O pneumologista Leonardo Moura tira as dúvidas dos pacientes do HJK durante lançamento da campanha
Fotos: Michelle Toledo
O pneumologista Leonardo Moura tira as dúvidas dos pacientes do HJK durante lançamento da campanha

O Hospital Júlia Kubitschek, referência estadual em pneumologia, lançou, nesta sexta-feira, dia 18.11, a Campanha Antitabagismo 2011. O evento aconteceu na Praça Dona Júlia, no interior da unidade - um espaço de convivência para pacientes, acompanhantes e funcionários, que participaram de toda a programação, prestando seus depoimentos e esclarecendo as dúvidas angustiantes, de quem quer e precisa parar de fumar.

A campanha reuniu a equipe multidisciplinar do hospital envolvida no atendimento aos tabagistas. São psicólogos, fonoaudióloga, assistente social, enfermeiros, fisioterapeutas respiratórios e motores, terapeuta ocupacional e pneumologista (Leonardo Moura, que fez palestra no espaço).

Depoimentos traduzem sentimento de quem não quer fumar mais

Entre os depoimentos de quem está buscando ajuda, estão, curiosamente, duas mulheres trabalhadoras e maduras. Elci e Raimunda estão conscientes do mal causado pelo cigarro, mas já passaram por outras tentativas de parar e sabem exatamente a dificuldade de se ter sucesso definitivo.


Aos 47 anos, a vendedora autônoma Elci Rodrigues desabou ao descobrir sua dependência com o cigarro, o que a fez até a não realizar uma cirurgia ortopédica no braço, este ano, desaconselhada pelo médico por causa do vício. “Estou fazendo mal pra mim e para meus filhos. Me incomoda até o cheiro nas roupas. E sei que não consigo sozinha, por isso estou procurando ajuda nos postos de saúde e aqui. Eu preciso parar de fumar”, confessa. Elci começou a fumar aos 18 anos e já tentou deixar por duas vezes. Conseguiu, ao menos, diminuir o número de cigarros: hoje fuma meio maço por dia, “bem menos do que eu fumava”.


A solidão tornou o cigarro “um companheiro” para a doméstica Raimunda Inácia de Sousa, de 66 anos. A perda do único filho, há 16 anos, e do marido, recentemente, levaram-na a uma depressão, acompanhada por perigosas cortinas de fumaça. Ela descobriu e vem se tratando, atualmente, de diversas doenças que podem ser consequências do tabagismo: obesidade e hipertensão arterial, por exemplo. Raimunda está tentando se aposentar e, enquanto isso, já procura ocupar seu tempo, ajudando amigas internadas. “Preciso esquecer o cigarro. Mesmo diminuindo, ainda pode me fazer muito mal”, diz.

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O Hospital Júlia Kubitschek mantém o Ambulatório de Abandono do Tabagismo todas as quartas e sextas-feiras. O paciente é acompanhado por um ano, sendo que, por seis meses é feito o tratamento de “manutenção”. A demanda é grande, existe até fila de espera atualmente. “Mas ninguém vai deixar de ser atendido”, garante a assistente social Sara Corgozinho.


O evento teve o apoio da diretoria, das gerências Administrativa e de Internação e do Serviço Social do HJK, assim como do Núcleo Antitabagismo da Secretaria de Estado da Saúde de MG e do Instituto Nacional do Câncer – Inca. Participaram da programação a psicóloga Marilac Godinho, o médico pneumologista Leonardo Moura, as psicólogas Carolina Vilaça e Tatiana Moreira, a fonoaudióloga Marina Garcia e a assistente social Sara Corgozinho.

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O TABAGISMO


Quais são as doenças causadas pelo uso do cigarro?

O tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular. Outras doenças que também estão relacionadas ao uso do cigarro são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual no homem. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, 200 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, número que não pára de aumentar.


Quais são os riscos para a mulher grávida?

A mulher grávida que fuma, além de correr o risco de abortar, tem uma maior chance de ter filho de baixo peso, menor tamanho e com defeitos congênitos. Os filhos de fumantes adoecem duas vezes mais do que os filhos de não fumantes


E os não fumantes, como ficam nessa história?

Basta manter um cigarro aceso para poluir um ambiente com as substâncias tóxicas da fumaça do cigarro. As pessoas passam 80% do seu tempo em ambientes fechados. Ao fim do dia, em um ambiente poluído, os não fumantes podem ter respirado o equivalente a 10 cigarros. Fumar em ambientes fechados prejudica as pessoas com quem o fumante convive: filhos, cônjuge, amigos e colegas de trabalho. Ao respirar a fumaça do cigarro, os não fumantes correm o risco de ter as mesmas doenças que o fumante


Como o tabagismo passivo afeta a saúde?

Os não fumantes que respiram a fumaça do tabaco têm um risco maior de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo. Quanto maior o tempo em que o não fumante fica exposto à poluição tabagística ambiental, maior a chance de adoecer. As crianças, por terem uma freqüência respiratória mais elevada, são mais atingidas, sofrendo consequências drásticas sobre a sua saúde, incluindo bronquite e pneumonia, desenvolvimento e exacerbação da asma e infecções do ouvido médio.


Quais são os riscos para as crianças que convivem com fumantes em ambientes fechados?

As crianças, especialmente as mais novas, são muito prejudicadas quando expostas à poluição tabagística ambiental, o que ocorre freqüentmente por culpa dos pais. Um estudo da OMS, envolvendo 700 milhões de crianças que vivem com fumantes em casa (cerca de metade das crianças do mundo), mostrou que essas crianças apresentaram um aumento de incidência de pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, além de uma maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta. Nos casos em que a mãe é fumante, estima-se uma chance maior (70%) para infecções respiratórias e de ouvido médio do que nos casos em que a mãe não é fumante. Esta chance torna-se mais elevada (30%) se o pai é fumante, em crianças de até 1 ano de idade. A chance aumenta mais ainda (50%) caso haja mais de dois fumantes em casa, convivendo com essas crianças. (WHO, World Tobacco Day"s,2001).


Existe tratamento gratuito para parar de fumar?

Todo fumante hoje tem direito a atendimento gratuito para deixar de fumar em instituições ligadas ao SUS. Procure os postos de saúde próximos de casa ou do trabalho, e se informe sobre locais e horários de tratamento para tabagismo


Já tentei várias vezes, mas sempre voltei a fumar. Será que um dia conseguirei parar em definitivo?

Sim, você conseguirá. Sendo o tabagismo uma dependência química, é esperado que a pessoa faça de 3 a 4 tentativas antes de parar definitivamente. A cada tentativa, você vai conhecendo suas maiores dificuldades e aprendendo a controlá-las, sem ter que fumar.

Exemplo: você resolve parar de fumar, e ao estar diante de uma situação de estresse, pensa em fumar um cigarro como solução para se acalmar. Com o tempo você vai aprendendo que, além do cigarro não resolver seus problemas, ele está tirando sua saúde.

 

FONTE

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Perguntas e Respostas. 2011. Disponível em: http://www.inca.gov.br/tabagismo/frameset.asp?item=faq