Doações de múltiplos órgãos podem superar expectativas em 2011

logo-mgtransplantesNo Dia Nacional do Doador de Órgãos, o MG Transplantes prevê um aumento no número de notificações no Estado, o maior desde sua criação.


O número de notificações de doações de múltiplos órgãos cresceu de 4,8 por milhão de pessoas (p.m.p), em 2006, para uma estimativa de 10,5 p.m.p em 2011. “Este poderá ser o melhor ano do MG Transplantes desde sua criação”, avalia o diretor do MG Transplantes, Charles Simão Filho. Com o crescimento das notificações, o diretor afirma ainda que, em pouco tempo, será zerada a fila de espera por córneas, atualmente com cerca de 700 pessoas cadastradas.


Charles também ressalta a importância das constantes campanhas de conscientização da população, que ajudaram a derrubar muitos mitos e, ao mesmo tempo, sensibilizar a respeito da importância da doação de órgãos para salvar outras vidas. Cerca de 80% das famílias abordadas, atualmente, autorizam a doação no Estado. “Os mineiros dão exemplo de solidariedade, mesmo em um momento tão difícil quanto a perda de um ente querido”, diz.


O MG Transplantes é um dos serviços mais organizados e ativos do país. Coordena a captação e a distribuição de órgãos e tecidos no Estado, respondendo ainda pelo monitoramento da lista única de transplantes.

Atualmente, o MG Transplantes reúne 6 CNCDO’s (Centrais de Notificação, Captação e Doação de Órgãos) no Estado: sul (Pouso Alegre), Leste (Governador Valadares), Nordeste (Montes Claros), Zona da Mata (Juiz de Fora), Oeste (Uberlândia) e Região Metropolitana (Belo Horizonte). Já estão previstas mais 5 Centrais, em processo de tramitação no Ministério da Saúde: Divinópolis, Venda Nova, Betim, Uberaba e Ipatinga – passando, assim, ao número total de 11 CNCDO’s em breve. Estas centrais tem estrutura própria e gerenciam as CIHDOTT’s (Comissões intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos).


A CIHDOTT do Hospital Regional Antônio Dias, da Rede Fhemig (em Patos de Minas), realizou, no dia 22.09, uma doação de múltiplos órgãos. A cirurgia de retirada foi feita no próprio hospital e os órgãos doados (fígado, rins e córneas) foram levados para Belo Horizonte. Somente em setembro, já haviam sido abertos quatro protocolos de morte encefálica neste hospital, um fato inédito. “Tem crescido as notificações por causa do apoio que temos recebido”, afirma a coordenadora da CIHDOTT do Antônio Dias, Iocione Thompson Gondim.

 

Data será lembrada com Missa em Ação de Graças


Para lembrar o Dia Nacional de Doação de Órgãos, o MG Transplantes realizará no dia 27.09, uma Missa em Ação de Graças, às 18 horas, na Igreja Sagrado Coração de Jesus (Av. Prof. Alfredo Balena, s/nº), na intenção dos familiares dos doadores de órgãos. A cerimônia será presidida por Dom Luiz Gonzaga Fechio.

 

Números do MG Transplantes atualizados até agosto de 2011:


Total de transplantes realizados de janeiro a agosto de 2011: 1.446


Tecidos

Córneas: 949    Escleras: 47        Medula Óssea: 53


Órgãos

Rim: 322           Coração: 9

Fígado: 54         Rim+pâncreas: 12

 

Pacientes ativos na lista de espera em agosto de 2011: 3.034


Tecidos

Córneas: 707    Medula Óssea: 38


Órgãos

Rim: 2.198      Coração: 16      Fígado: 41

Rim+pâncreas: 21      Pâncreas: 1      Pulmão: 12

 

Personagens: Histórias de quem fala sobre sua experiência e a importância dos transplantes de órgãos


Para o motorista Carlos de Souza Resende, que, em 2010, aos 55 anos de idade, recebeu um novo rim, a maior conquista foi ter deixado para trás as três sessões semanais de hemodiálise. ”Desde que entrei na fila de doadores, dois anos antes do transplante, esperava ansiosamente por um doador compatível”, lembra Resende.


Hoje, sem apresentar mais os sintomas da diabetes, doença causadora da deficiência renal responsável pelo transplante, Carlos convive perfeitamente bem com os medicamentos a que é obrigado a tomar para evitar a rejeição do novo órgão. “Tenho uma vida praticamente normal”, ressalta Resende.


Quem aguarda contar com a mesma sorte de Resende é a dona de casa Maria da Conceição de Oliveira que, há cerca de 10 anos, espera na fila dos transplantes. “Já não consigo mais sair de casa e tenho sido submetida à hemodiálise diariamente”, argumenta Maria da Conceição.


Conceição, de 47 anos de idade, sofre também de insuficiência renal, em consequência de um princípio de eclampsia durante a sua última gravidez. Segundo o seu marido, Adão Paulo, a expectativa de toda a família é que ela seja chamada brevemente para receber o novo órgão. “Estamos ansiosos para que Maria possa retornar a sua vida normal e acompanhar mais de perto a criação de seu dois filhos”, considerou.


Quando começou a sentir os primeiros sintomas da doença, no final de 2008, a então estudante de Educação Física, da Faculdade Pitágoras, Nayara Aparecida, de 23 anos, não imaginava que, decorridos dois anos, seria submetida à cirurgia de transplante de rim. “No início, sentia cansaço, falta de ar, desânimo e muita sonolência” relata Nayara, salientando que, “apesar de todos esses sintomas, os médicos não descobriam o que eu tinha”.


Além desses sintomas, Nayara começou a apresentar inchaço nas pernas e a sentir um gosto de urina na boca. Foi quando procurou o Posto de Saúde próximo a sua casa e se submeteu a um exame de sangue, que constatou anemia profunda. “Depois de vários outros exames, descobriram que eu portava uma doença crônica dos rins e que os dois órgãos já estavam atrofiados, portanto, não conseguiam mais filtrar o sangue”, considerou.


Imediatamente, ela começou a fazer sessões de hemodiálise, três vezes por semana, e se submeteu a vários outros exames, para se credenciar a entrar na fila de transplante. “Fui obrigada a interromper os meus estudos para tratar da doença”, lembra. Em julho de 2009, Nayara foi admitida na fila de transplante e, um ano depois, recebeu o novo órgão de um doador anônimo. “Meu caso foi diferente de muitos outros que recebem o rim de um parente”, ressalta Nayara.


Em julho deste ano, após completar um ano da cirurgia, Nayara já desfruta de uma vida normal. “As três sessões de hemodiálise, foram substituídas por uma visita ao médico de três em três meses para controle”, ressalta Nayara Aparecida. “Hoje, trabalho na minha própria empresa, e uso apenas um medicamento duas vezes ao dia para evitar a rejeição e outro para controlar a pressão arterial”. “Estou muito feliz com essa dádiva de Deus”.


Para o mecânico de automóveis, Edilescocio de Paula, de 31 anos de idade, que em abril de 2010 recebeu um transplante de coração, a vida passou a ter novo sentido. “Graças à cirurgia, acabaram-se as internações constantes, que eu era obrigado a me submeter, para receber o medicamento capaz de me manter vivo”, ressalta.


“Hoje, convívio perfeitamente bem com os efeitos colaterais do imunossupressor, medicamento que tomo duas vezes ao dia, para evitar a rejeição do novo órgão”. Entre os efeitos colaterais do medicamento, que é fornecido gratuitamente pela Secretaria de Estado da Saúde, ele cita tremores, aumento de peso e dor de cabeça.


Edilescocio foi vítima de um trauma cardíaco, em 2003, em decorrência de uma facada deferida pela ex-mulher, durante uma briga doméstica. Logo após ao incidente, foi encaminhado para o Hospital Pronto Socorro João XXIII e submetido a uma cirurgia de emergência.


Durante a cirurgia, foi constatada a presença de um buraco no coração incapaz de cicatrização. Desde então, ele era obrigado a ser internado com frequência para receber o medicamento que o mantinha vivo. “Como o meu estado piorava a cada ano, entrei na fila de doadores, em 2007”, lembrou o mecânico.


Naquele mesmo ano, teve uma breve melhora e saiu da fila. Mas, em 2009, foi obrigado a retornar, devido piora de sue quadro clínico e, em abril de 2010, recebeu o transplante. “Com o coração novo meu estado físico melhorou muito, estou me alimentando melhor, não sinto mais falta de ar e, o que é mais importante, estou vivo”, acrescentou. Hoje, com a nova esposa, e os filhos tem uma vida praticamente normal.

 

Uma nova visão

 


A mesma sorte teve a dona de casa Kátia Junqueira, de 35 anos, que em fevereiro deste ano, foi submetida ao transplante de córnea. “ Minha filha sofria, desde os 18 anos de idade, de ceratocone, (doença degenerativa da córnea que a torna mais fina e modifica o seu  formato tornando-o mais cônico)”, lembra dona Sônia, mãe de Kátia.


“Como ela começou a perder a visão, recebeu o primeiro transplante da córnea direita, aos 18 anos de idade”, ressalta Sônia. Um ano depois, foi a vez de receber o transplante da córnea esquerda. “Há cerca de um ano, apresentou rejeição da córnea direita e, no início deste ano, foi beneficiada com novo transplante”, frisou.


Sônia esclareceu que sua filha tem uma vida praticamente normal, pois administra o lar e cuida dos seus três netos. “Agradecemos a Deus pela oportunidade que minha filha teve de voltar a enxergar, com certeza isso é uma benção de Deus”, considerou.