Representantes dos hospitais Júlia Kubitschek (HJK), João XXIII (HJXXIII) e Maternidade Odete Valadares (MOV), da Rede Fhemig, estiveram reunidos de 11 a 13 de março, em São Paulo, para apresentar os resultados já alcançados com a participação no projeto “Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, do Ministério da Saúde. A iniciativa teve início em 2017 e reúne 119 hospitais públicos selecionados em todo o Brasil.
Viabilizado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), em parceria com o Institute for Healthcare Improvement, o projeto tem como meta reduzir em 50% as infecções relacionadas aos cuidados em UTIs, entre elas, infecção corrente sanguínea associada ao uso de cateter venoso central (CVC); pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV); e a infecção do trato urinário (ITU). Com o novo projeto, pretende-se evitar cerca de 8.500 acidentes adversos seguidos de morte por ano nas UTIs dos hospitais participantes.
No atual momento, o projeto encontra-se em fase de consolidação dos pacotes de mudanças assistenciais, solidificação dos indicadores e expansão dos dados para a elaboração dos relatórios de desempenho assistencial. “A MOV é sempre presente nos encontros e vem sendo tratada como hospital de referência para os demais participantes do grupo, principalmente pelo fator engajamento de equipe e implantação de mudanças”, afirma a diretora da unidade, Flávia Ribeiro.
A meta parcial de reduzir a ocorrência das infecções em 30% nos primeiros 18 meses já foi alcançada. “Na MOV, a implantação está acontecendo de forma estruturada. Logo após os primeiros 6 meses de projeto, os resultados já começam a aparecer de forma contundente. Houve uma redução para níveis mínimos de infecções: há 10 meses estamos sem infecções urinárias relacionada ao uso de sondas e há 8 meses sem ocorrências de pneumonias relacionadas a ventilação mecânica. A expectativa agora é consolidar as ferramentas de coleta e análise dos indicadores e solidificar a cultura de segurança assistencial e boas práticas em UTI”, ressalta a diretora.
No Hospital João XXIII, segundo a coordenadora do Núcleo de Risco, Márcia Cristina da Silva, foram feitas ações para melhoria da infraestrutura do CTI, como aquisição de novas camas hospitalares, cortinas para privacidade, instalação de mais pumps de álcool gel para higienização de mãos e adequações do processo de trabalho, como introdução dos pacotes de mudanças assistenciais para prevenção de infecções.
“Já conseguimos redução da densidade de pneumonias associadas à ventilação mecânica em 47%”, disse Márcia, lembrando que a proposta é reduzir em 30% até junho 2019 e em 50% até dezembro de 2020 as infecções primárias de corrente sanguínea associadas a CVC, infecções de trato urinário relacionadas à sonda vesical de demora (SVD) e pneumonia associada à ventilação mecânica.
Já no HJK, segundo a coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) e líder do projeto na unidade, Marina Faria, até o momento houve uma redução superior a 70% (11,11 para 2,89) nas taxas de infecção de corrente sanguínea associada a cateter venoso central na UTI1. “Esse resultado é de extrema importância, pois é o principal foco de infecções nas nossas UTI´s e foi nesta meta que concentramos a maior parte de nossas ações desde o início do projeto”, afirma Marina.
Com o caminhar da iniciativa, foram desenvolvidas medidas para a melhoria das taxas de pneumonia e infecção urinária, porém ainda não foram observadas mudanças. “O projeto tem sido muito estimulante e nos apresentou ferramentas novas e simples para podermos realizar testes e obtermos melhorias em cenários de escassez de recursos”, completou a coordenadora.
Por Anni Sieglitz, Fernanda Moreira e Samira Ziade