Hospital Eduardo de Menezes celebra o Dia Mundial de Luta contra a Aids com avanços no tratamento

Após os resultados positivos obtidos nos quase cinco anos de adoção pioneira (antes mesmo de o Ministério da Saúde adotar o protocolo no final de 2013) do tratamento contra a Aids para todos os pacientes portadores do vírus HIV, independente do estágio de desenvolvimento da doença, o Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Fhemig, comemora neste dia 01 de dezembro, Dia Mundial de Luta contra a Aids, o sucesso alcançado com o uso do inibidor de integrase (Dolutegravir) como agente de primeira linha de tratamento da infecção pelo HIV.

Até o momento, 86 pacientes em uso do inibidor, associado à dose fixa 2 em 1 (Tenofovir + Lamivudina), apresentaram 100% de tolerância ao medicamento, sem registro de efeitos adversos, “com impactos diretos sobre a qualidade de vida dos pacientes”, sublinha a farmacêutica do ambulatório do HEM, Dirce Silva.

Os resultados alcançados pelo hospital foram apresentados no 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia e refletem o empenho e as conquistas alcançadas pelos profissionais que atuam no HEM, referência estadual no tratamento de doenças infectocontagiosas.

Como ocorre tradicionalmente, desde 1987, o hospital celebra o 1º de dezembro com ações reflexivas, a fim de mostrar aos pacientes que a doença mudou muito desde 1980, quando o primeiro caso foi registrado no Brasil.

Novo cenário

A mudança em relação à Aids se estende não somente ao tratamento e à maneira como os profissionais de saúde acolhem os pacientes, mas também à forma como as pessoas convivem com o diagnóstico positivo. De uma atitude de terror diante de uma doença desconhecida e associada à morte, hoje os portadores do vírus HIV têm maior conhecimento sua condição, maior adesão ao tratamento e levam uma vida praticamente normal.

Frequentador do grupo de apoio a pessoas soropositivas criado por servidores do HEM, Júlio (*) descobriu a doença tardiamente, mas aderiu imediatamente ao tratamento. “Eu tive a cara da Aids naquela época (2002), mas a minha cabeça estava muito boa, eu gosto muito da vida, eu queria melhorar. O HIV não me define em nada, mas ele me ensinou muita coisa boa. O acolhimento dos profissionais de saúde é muito importante, a gente cria vínculos com eles. O que me ajudou a viver bem com o HIV foi o acolhimento do serviço de saúde. Uma orientação bem dada pode mudar a vida das pessoas”, assegura.

Também pertencente ao grupo de apoio do HEM, Célia (*) descobriu que era soropositiva em 2016, cinco dias antes do seu aniversário. Iniciou o uso dos antirretrovirais e, um mês depois, já estava bem, conta a moça. “O paciente que está lá, dolorido, ele depende do carinho dos profissionais de saúde, porque o carinho é transformador. Os pacientes com HIV têm apenas uma classificação diferente das outras pessoas”, ensina Célia.

Reveses

Apesar dos avanços experimentados pelos profissionais e pelas instituições, como também pelos pacientes, em sua forma de encararem o diagnóstico e o tratamento, ainda hoje, o estigma da doença é grande e contribui para a segregação dos portadores do vírus, o que se traduz em resistência à adesão, dentre outras consequências negativas.

HIV positivo desde 1998, Rogério (*) descobriu ainda no ensino médio que era portador do vírus da Aids. Desde então, ele se trata no HEM. No entanto, após os seis primeiros anos de adesão, ele começou a negligenciar o tratamento, pois achava muito sofrida a rotina de uso dos medicamentos. Os resultados negativos de sua atitude não tardaram a se manifestar e ele vivenciou o agravamento dos sintomas da doença. “Foram muitas idas e vindas ao hospital”, revela emocionado Rogério.

Ao se dar conta de que estava traçando um caminho rumo à morte, ele tomou a decisão de retomar o uso dos antirretrovirais. Há cinco meses, Rogério teve alta do hospital dia do HEM e, desde então, é atendido apenas no ambulatório da unidade, devido à melhoria de seu estado de saúde. “Eu aprendi a ter amor próprio, a ter responsabilidade, a cuidar de mim”, garante o rapaz que hoje também faz parte do grupo de apoio do HEM.

(*) nomes fictícios