O objetivo do projeto com os pacientes é realizar intervenção terapêutica e uma abordagem preventiva, já que eles não são internos de longa permanência. “a proposta é sensibilizá-los, de modo que eles busquem a continuidade do tratamento em seus munícipios por meio do encaminhamento”, diz Dagmar. No total, 306 pacientes já foram submetidos ao tratamento antitabagista na unidade – a intervenção tem início no momento que a pessoa dá entrada no hospital.
Todas as semanas acontecem reuniões com os tabagistas, para que os profissionais possam avaliar a evolução do seu tratamento; porém, a participação do paciente depende do seu nível de comprometimento: “alguns têm condição de frequentar os grupos, outros precisam de um atendimento individual e adaptado”, esclarece Dagmar. Segundo a psiquiatra, também está sendo feita uma pesquisa qualitativa com os pacientes, para avaliar a satisfação do tabagista em relação ao projeto e o que significou para ele a intervenção.
Trabalho com os familiares
Como na psiquiatria a dependência é um fator característico, muitos pacientes criam certa resistência ao tratamento. Em alguns casos, os familiares contribuem para o insucesso das intervenções, já que levam o cigarro para o paciente nas visitas, na tentativa de amenizar o sofrimento do parente e manter o vínculo familiar com ele. Por isso, os profissionais estão se reunindo com estes parentes e esclarecendo a importância da medicação. “Também estamos elaborando um termo de responsabilidade para que os familiares se comprometam a não trazer mais cigarros para o hospital”, anuncia a coordenadora do CAC.
O Programa
Em novembro de 2011, foi criado o Grupo de Estudos sobre Tabagismo, por meio da ampliação do grupo de pesquisas do Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP) e com o apoio da diretoria do hospital. Todos os componentes da equipe, formada por profissionais do HGV como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e farmacêuticos, foram capacitados em curso oferecido pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), em parceria com o Ministério da Saúde, para poderem aplicar o tratamento nos interessados. Simultaneamente, o grupo desenvolveu pesquisa interna sobre a “Prevalência de Tabagismo entre pacientes e funcionários no Hospital Psiquiátrico Galba Velloso”, e sobre comorbidades entre Tabagismo e Transtornos Psiquiátricos.
Em 2013, o projeto foi colocado em prática com a liberação dos medicamentos cedidos pelo INCA, recebidos pela unidade em agosto, e o início do tratamento dos funcionários do hospital.