Rede Fhemig capacita profissionais da saúde para atenderem possíveis vítimas do vírus Ebola

 

Foto: Alexandra Marques/ACS-Rede Fhemig
O médico Flávio Lima durante o treinamento no HJXXIII

 

 

O treinamento foi realizado por profissionais do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), do setor de Vigilância Hospitalar (VHOSP) da Diretoria Assistencial da Rede Fhemig, da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas). A capacitação reuniu, no auditório do Hospital João XXIII, no mês de setembro, profissionais da ANVISA, SAMU (Belo Horizonte, Contagem, Betim, Itabira e Ouro Preto), TAM, Unimed e Infraero, além das Unidades Assistenciais da Rede Fhemig.

 

 

Embora, segundo as autoridades sanitárias, a probabilidade da doença atingir o Brasil seja bastante reduzida, o treinamento busca preparar os profissionais da saúde, que atuam em Minas Gerais, para atenderem possíveis casos suspeitos.

Quase cinco mil óbitos na África

Atualmente, o número de pessoas infectadas pelo vírus Ebola já soma cerca de 14 mil casos. Desse total, nos três países mais atingidos pela doença no Oeste da África (Guiné, Libéria e Serra Leoa), quase cinco mil são óbitos, o que sublinha a alta letalidade da doença.

No final do mês de setembro foi confirmado o primeiro caso fora da África. A vítima, a enfermeira espanhola Teresa Romero, de 44 anos, contaminou-se ao tratar um padre que morreu vítima do vírus. Na semana passada, os médicos responsáveis pelo tratamento da enfermeira anunciaram a sua cura. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se não forem adotadas medidas mais efetivas para o controle da doença, a tendência é o crescimento exponencial do número de infectados pelo vírus.

O médico e coordenador da VHOSP, Flávio de Souza Lima, ressalta que, em surtos anteriores, o número de óbitos era maior entre os profissionais da saúde que atendiam as vítimas nas áreas endêmicas, do que entre os próprios pacientes. Isto ocorria porque os médicos e enfermeiros não estavam adequadamente paramentados e, assim, se contaminavam durante os atendimentos.

Equipamentos de proteção

Foto: Alexandra Marques
A enfermeira Edna Wingester orienta sobre a forma correta de vestir e retirar os EPI's

O número de profissionais da saúde afetados pelo vírus é consideravelmente alto. Nos quatro dos cinco países africanos em que a doença está instalada, são registrados déficits de pessoal em razão das quatro centenas de casos de infecção e mais de duzentas mortes desses profissionais.

A utilização correta dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) é fator crucial para a segurança dos profissionais que atendem aos casos de Ebola. O maior risco de contaminação está na retirada da paramentação. “Não se deve fazer nada sozinho, é necessário, sempre, pelo menos, dois profissionais”, salienta o médico infectologista do HEM, Guilherme Milanez.

Plano de Contingência

Em Minas Gerais, foi formulado o Plano Estadual de Contingência ao Ebola, apresentado pela SES-MG na primeira quinzena de agosto deste ano. Em consonância com o Plano Nacional, o documento estabelece os protocolos para tratar os casos suspeitos da doença que chegarem aos serviços de saúde, aeroportos e rodoviárias do Estado.

O Plano está dividido em três níveis. O primeiro é posto em prática quando não há nenhum caso suspeito. Nesta etapa, que corresponde à atual situação, ocorre o monitoramento das pessoas provenientes de Serra Leoa, Guiné, Libéria, Senegal e Nigéria.

O Nível 2 é acionado na circunstância de um caso suspeito. O paciente é posto em isolamento e o serviço de saúde que o recebeu faz contato imediato com o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Belo Horizonte (CIEVS/BH), se o caso for identificado na capital, ou o CIEVS/MG se o paciente estiver em outro município. Caso ocorra o aumento do número de pessoas infectadas e a transmissão do vírus passe a acontecer dentro de Minas Gerais, é acionado o nível 3 do Plano, com a ampliação do número de hospitais de referência.

Hospital Eduardo de Menezes

O indivíduo com suspeita de contaminação pelo vírus ebola, em Minas Gerais, será transferido para o Hospital Eduardo de Menezes. Unidade de referência em doenças infectocontagiosas, o hospital disponibilizou uma ala específica para o atendimento de possíveis vítimas.

A transferência dos suspeitos para o HEM é de responsabilidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), quando a pessoa estiver em Belo Horizonte ou na Região Metropolitana. Nas demais cidades do estado, o transporte será realizado pelo Corpo de Bombeiros. No entanto, o material para a realização dos exames de confirmação do vírus será colhido no HEM, mas os exames propriamente ditos somente serão feitos nos Estados Unidos.

Protocolo

No âmbito do Plano de Contingência, foi elaborado um protocolo para o atendimento aos casos suspeitos de infecção pelo vírus Ebola. Resultado do trabalho conjunto da equipe do Hospital Eduardo de Menezes, da Vigilância Hospitalar, da Gestão do Risco e do Núcleo de Gestão Ambiental da Rede Fhemig, o protocolo estabelece as rotinas de isolamento, paramentação, atendimento, limpeza e descarte de resíduos provenientes dos pacientes a serem adotadas pelos profissionais de saúde.

Tais procedimentos visam fazer frente ao alto potencial de contágio da doença, que requer ações sistematizadas, com o objetivo de prevenir a sua disseminação no ambiente intrahospitalar. Essas ações apresentam um grau de detalhamento que vai desde o momento da comunicação do caso pelo CIEVS ao HEM até a alta, transferência ou óbito do paciente, incluindo o manejo adequado do cadáver.

Casos suspeitos

São tratados como suspeitos os casos de indivíduos que vieram, nos últimos 21 dias, de país com transmissão atual de Ebola e que apresente febre de início súbito, podendo ser acompanhada de sinais de hemorragia.