Mal-estar, febre, manchas avermelhadas, aparição de bolhas cheias de líquido e coceira. Os sintomas da varicela, popularmente conhecida como catapora, são bastante conhecidos da população em geral que, na maioria das vezes, manifesta a doença ainda na infância.
Os meses de setembro e outubro são, historicamente, os de maior incidência dessa enfermidade. Para se ter uma ideia, só no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Rede Fhemig, dos 576 casos atendidos em 2012, 245 foram recebidos nessa época do ano.
No entanto, em 2013 o aparecimento da catapora começou mais cedo. É o que indicam os números do HIJPII, que registrou um total de 273 atendimentos em julho e agosto deste ano. O índice é bem superior ao do mesmo período de 2012, que foi de 94 casos.
Para a pediatra e diretora do HIJPII, Helena Maciel, o principal fator para proliferação é a vulnerabilidade das crianças em pegar a doença. O ar seco pode ser um dos componentes que contribuem para esse aumento de casos de varicela. “A baixa umidade permite uma maior dispersão do vírus, o que, de alguma forma, pode cooperar para a propagação da catapora”, explica.
A catapora é geralmente uma doença benigna e autolimitada, em que a recuperação completa ocorre em duas semanas após o aparecimento dos sintomas. No entanto, se não forem tomados os devidos cuidados, a varicela pode evoluir para complicações decorrentes de infecções secundárias, que podem afetar a pele, levando à perda de tecidos, e os pulmões, levando à pneumonia e até a infecções generalizadas, que podem causar choque.
Episódios como esses acabam exigindo a internação do paciente. Só no HIJPII, o número de casos de varicela complicada foi de 96 até agosto deste ano. Em 2012, o Hospital realizou 175 internações durante todo o ano.
“É fundamental que se mantenha a pele extremamente limpa e unhas cortadas para que não haja contaminação por bactérias nas lesões provocadas pela catapora. O ideal é que o paciente tome, no mínimo, dois banhos por dia, com bastante água e sabão, lavando, inclusive, a cabeça”, aconselha Helena Maciel. “Não deixe a criança coçar as lesões, para evitar infecções. Não é tarefa fácil, porque a coceira pode ser intensa. Importante também que não se arranque as crostas que se formam quando as vesículas regridem”, finaliza a pediatra.
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), passa a oferecer a partir deste mês de setembro, em toda a rede pública de saúde, a vacina contra catapora, incluída na tetraviral, que também protegerá contra sarampo, caxumba e rubéola. A nova vacina vai compor o Calendário Nacional de Vacinação e será ofertada, exclusivamente, para crianças de 15 meses de idade, que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral. Com a inclusão da vacina, o Ministério da Saúde estima uma redução de 80% das hospitalizações por varicela.