O combate à mortalidade infantil e materna está na base da política de assistência à saúde realizada pelas maternidades da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Rede Fhemig).
Em seu conjunto, as unidades (Maternidade Odete Valadares, Hospital Júlia Kubitschek, Hospital Regional Antônio Dias e Hospital Regional João Penido) oferecem planejamento familiar para as puérperas de alto de risco, pré-natal de alto risco, CTI adulto com protocolos específicos para gestante, parturiente e puérpera.
Outro aspecto que caracteriza o atendimento dessas instituições é a capacitação das equipes de obstetrícia que atuam na urgência, bem como a formação de médicos residentes em ginecologia e obstetrícia.
A prática assistencial posta em ação pelas maternidades da Rede Fhemig ganhou um significativo reforço no início deste mês, quando a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) assinou um termo de parceria com o Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (COREM/MG) e a Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (ABENFO) - Seccional Minas Gerais - para a redução da mortalidade materna e infantil no estado.
A parceria tem o objetivo de ampliar os trabalhos para a diminuição de óbitos materno e infantil, por meio da divulgação da nova estratificação de risco da gestante para os profissionais de enfermagem que trabalham na atenção primária e na área da assistência à saúde.
Essa classificação passou de duas categorias (Risco Habitual e Alto Risco) para quatro (Risco Habitual, Médio Risco, Alto Risco e Muito Alto Risco), possibilitando assistência mais adequada à mulher e à criança. Os critérios utilizados para a estratificação de risco levam em conta características individuais da gestante como estatura, peso, idade, situação socioeconômica, uso de substâncias psicoativas, como também o histórico de gestações anteriores, entre outros fatores.
O Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), em Patos de Minas, é o único hospital público de referência para atendimento às gestantes de alto risco da macrorregião noroeste de Minas Gerais. A unidade possui indicadores de qualidade que se encontram, há muito tempo, dentro das metas pactuadas. “As taxas de óbito materno estão zeradas há dois anos. [Paralelo a isso], os índices de internações em CTI e de permanência são baixos”, afirma a coordenadora da clínica de ginecologia e obstetrícia do HRAD, Adelaide D’Avila.
Esses resultados são frutos da capacitação médica permanente e do trabalho com foco na humanização de todos os processos que envolvem o parto, especialmente nos casos de nascimentos prematuros. “Procuramos estimular a presença das mães nas unidades de terapia intensiva (UTI’s) neonatais. Como esse bebê foi retirado do ventre materno antes do tempo, o vínculo criado durante a gestação entre mãe e filho acaba sofrendo uma interrupção abrupta, causando sensação de frustração na mãe. Por isso é tão importante que essa mãe esteja presente e participativa nos cuidados com seu bebê que está na UTI, pois diminui a ansiedade inerente à situação e revigora o elo entre a mãe e a criança”, explica a pediatra do HRAD, Francis Jardim.
Outra iniciativa de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso é o Método Canguru, adotado há vários anos e de forma crescente pela Maternidade Odete Valadares (MOV). O desempenho do hospital na prática do método permitiu o seu credenciamento, pelo Ministério da Saúde, como referência estadual. A metodologia prioriza o contato prolongado (pele a pele) entre mãe e filho, o que proporciona o desenvolvimento do vínculo afetivo, o aleitamento materno, o ganho de peso mais acelerado e a alta hospitalar precoce e segura.
Para o diretor da MOV, Carlos Senra, o combate à mortalidade materna e infantil passa pela redução do número de cesáreas. “O parto normal é mais seguro, pois reduz os riscos de infecção hospitalar e diminui a incidência de desconforto respiratório do recém-nascido. No entanto, muitas mulheres ainda acabam preferindo a cesárea pela possibilidade de programar o parto. Na MOV, o índice de cesáreas chega a 30% em relação ao total de partos realizados, cumprindo assim o índice recomendado pelo Ministério da Saúde”, afirma.
Outra iniciativa que tem contribuído para a redução do número de cesáreas é a suíte de parto normal da MOV, com quarto PPP (pré-parto, parto e puerpério ou pós-parto). A ambiência agradável, acolhedora e humanizada do espaço é resultado da adoção de técnicas alternativas para o controle da dor (como a presença de doula e o uso de bola suíça, destinada à prática de exercícios físicos), além da presença de condições adequadas para os acompanhantes.
Estruturada com base nos pressupostos do parto humanizado, a suíte de parto normal permite que as mulheres fiquem em íntimo contato com os bebês, podendo amamentá-los logo nas primeiras horas após o nascimento.
De acordo com a gerente da Maternidade do Hospital Júlia Kubitschek (HJK), Raquel Tavares, identificar precocemente possíveis fatores de risco ainda é a melhor forma de se garantir gestação e parto saudáveis. “No HJK, temos rotinas de atendimento e acompanhamento das gestantes que se encontram em situação de risco, desde sua admissão no pré-parto, como durante o trabalho de parto e no pós-parto imediato e tardio. A assistência às gestantes de alto risco durante o pré-natal propicia um acompanhamento específico e multidisciplinar facilitando o diagnóstico oportuno”, explica.
Para o gerente da Maternidade Viva Vida do Hospital Regional João Penido (HRJP), Leonardo Pandolfi Caliman, o diagnóstico tardio da gravidez é um dos fatores que mais contribuem para uma gestação de risco. “É necessário que se fortaleça a importância do planejamento familiar. Vemos alguns casos, por exemplo, em que a mulher só descobre a gravidez quando as complicações já começam a se manifestar”, pontua. Assim, casos de hemorragias, infecções e hipertensão são os que mais levam ao parto prematuro e ao óbito materno. “O HRJP, por ser especializado em gestações de alto risco, possui uma estrutura completa para recebimento desses casos”, finaliza o gerente.