Hoje, 05 de agosto, o Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), da Rede Fhemig, completa 30 anos de existência como referência nacional na clínica da toxicomania e em pesquisa na área. A unidade foi inaugurada em 1983, sendo o primeiro serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) especializado no atendimento a usuários de drogas, álcool e outras substâncias psicoativas no país.
Em apenas quatro anos de funcionamento, em 1987, o Centro foi reconhecido pelo Conselho Federal de Entorpecentes, atual Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), como unidade de excelência para tratamento de álcool e drogas do Estado de Minas Gerais. Além disso, desde 2002, o CMT é credenciado como Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e drogas (CAPS-AD), em consonância com a Política Nacional do Ministério da Saúde.
O CMT atende, atualmente, cerca de 300 pacientes por mês em regime de permanência- dia, oferecendo projetos terapêuticos individualizados que incluem participação em oficinas, atividades de inserção social, leitos de desintoxicação e psicoterapia. Todas as ações são realizadas por uma equipe multiprofissional, composta por psicólogos, médicos clínicos, enfermeiros, psiquiatras, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, técnicos de enfermagem e nutricionista. O acolhimento na unidade se inicia por meio de uma avaliação cuidadosa do paciente, e a partir daí, um tratamento singular e humanizado é elaborado para o usuário, considerando-se suas necessidades específicas.
O presidente da Fhemig, Antonio Carlos de Barros Martins, parabenizou a direção e os funcionários da unidade pela data comemorativa: “O CMT chega hoje aos 30 anos com excelência no trabalho realizado. O seu compromisso e responsabilidade no tratamento dos dependentes químicos conquistaram o reconhecimento nacional da instituição nesta área da saúde mental”, enfatizou o presidente.
A luta antimanicomial mudou a forma de atendimento do paciente de saúde mental, e se há algumas décadas ele ficava internado por longos períodos, hoje permanece no hospital por no máximo 15 dias. Segundo a diretora do CMT e psicóloga Raquel Martins, a internação de um dependente químico não se justifica caso ele não seja psicótico, considerando que o tratamento da toxicomania dura cerca de três anos: “se for forçada a se internar, a pessoa vai sair do hospital, voltar a usar drogas e desacreditar um futuro tratamento”, avalia a diretora.
No ano de 2012, foram atendidos no CMT 420 usuários de álcool (37,94%); 394 usuários de crack (35,59%); 152 usuários de cocaína (13,73%); 116 usuários de maconha (10,48%) e 25 de outras drogas (2,26%). Cerca de 92% destas pessoas são de Belo Horizonte e 8% de outros municípios do Estado. Segundo Raquel, essas estatísticas correspondem ao uso isolado da droga: “o uso do crack e álcool associados, o que é uma tentativa do usuário de anular os efeitos exagerados de cada substância, aumentou muito, e isso não é registrado”, avalia a psicóloga.
A faixa de abandono definitivo do tratamento no Centro está entre 30% e 40%, mas segundo a diretora, esta porcentagem está dentro do esperado nesse tipo de situação.
Atualmente, no CMT, as famílias são praticamente “convocadas” para participarem do tratamento do parente – assim que chegam à unidade com o usuário, elas recebem um cartão com o horário das visitas: “A família é quem suporta as recaídas do dependente, e as consequências que as drogas trazem”, diz Raquel. No local, as famílias têm acesso a um espaço para escuta e orientação, feitas por profissionais especializados.
Nos dias 28, 29 e 30 de agosto, acontecerá a XXIV Jornada de Trabalhos do CMT, no auditório da Universidade Fumec. O tema deste ano será “Os excessos na contemporaneidade: a dose de cada um”. Na ocasião, serão celebrados os 30 anos da unidade.