Trajetória do primeiro plantonista do João XXIII se confunde com a história do próprio hospital

 

Foto: Alexandra Marques
O intensivista José Ivaldo de Faria (ao centro) e profissionais do CTI: comprometimento e dedicação aos pacientes

 

Um sonho de criança que se tornou realidade, assim pode ser resumida a trajetória profissional e pessoal do médico intensivista e clínico geral José Ivaldo de Faria, de 69 anos de idade, 38 dos quais dedicados à saúde pública. Ainda menino, em Unaí, José Ivaldo já planejava o seu futuro como clínico. Após concluir o curso de medicina, em 1975, fez residência no João XXIII e, a partir de então, devido ao seu contato com o Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do hospital, tomou a decisão de dedicar-se à medicina intensiva.


Contratado no ano seguinte, Ivaldo tornou-se o primeiro plantonista do CTI. Os anos iniciais, no entanto, não foram nada fáceis. Os pesadelos envolvendo os pacientes eram constantes. “Até hoje eu sinto um certo frio na barriga, pois apesar da grande experiência, trabalhar em CTI é um estresse constante”, confessa para depois completar: “Na maioria das vezes, eu saio do João XXIII flutuando. Na urgência, o seu papel como médico é bastante claro, você sabe que foi o responsável por salvar vidas. Eu acho que todo médico deveria fazer um plantão no João. Aqui, a gente se sente verdadeiramente médico”.

O temor dos primeiros anos é compreensível, afinal, quando o CTI foi inaugurado havia quatro leitos e Ivaldo, sozinho, era o responsável por todos eles. O intensivista guarda, com especial carinho, a lembrança de um plantão de quinta-feira, quando uma idosa em choque hipovolêmico (condição na qual o coração é incapaz de fornecer sangue suficiente para o corpo), deu entrada no CTI, trazida do ambulatório pelas mãos do médico e ex-prefeito Célio de Castro. Com a assistência do já eminente colega de profissão, Ivaldo atendeu a paciente que se recuperou dias depois.

Vínculo duradouro

Ao longo de vários anos, José Ivaldo e os diversos profissionais que atuavam ao seu lado no CTI, se acostumaram a receber a visita daqueles que ficaram sob seus cuidados. As visitas eram tão rotineiras que se transforam numa festa anual, quando muitos ex-pacientes se reencontravam com a equipe do CTI para celebrarem a preservação de suas vidas. Além desse encontro, também era comum o recebimento de cartas de agradecimento remetidas por muitos daqueles que foram atendidos.

Trajetória de desenvolvimento

Nos 38 anos que atuou no HJXXIII, José Ivaldo testemunhou toda a trajetória de crescimento e desenvolvimento da unidade que é o maior hospital de trauma de Minas Gerais e um dos maiores do país. “O João XXIII é uma escola, em cada plantão você aprende algo diferente. É um local onde estão os melhores profissionais, assim, temos a oportunidade de sempre estar aprendendo, sempre nos reciclando”, conta.

Carreira exitosa

Ao completar 70 anos de idade no dia 20 de outubro deste ano, Ivaldo irá se aposentar do cargo de intensivista. Emocionado, ele relata a alegria de se sentir realizado por sua longa e exitosa carreira no hospital. “Fiz o que pude. Fui reconhecido pelo meu trabalho e ajudei muitas pessoas a recuperarem sua saúde. Ao mesmo tempo, me sinto angustiado por perder o contato com os pacientes e com os colegas. Gostaria de ser lembrado como alguém que esteve no HJXXIII desde o início, que aprendeu muito e que teve o seu ideal de vida realizado”, pontua o médico.

 

Foto: Alexandra Marques
Milza Cintra e José Ivaldo vivenciam  e constroem a história do João XXIII

 


A coordenadora do setor de pacientes críticos e servidora do hospital há 36 anos, Milza Cintra foi a chefe de José Ivaldo por 10 anos e acompanhou a carreira do profissional e amigo. Segundo ela, o médico foi o plantonista de maior importância histórica e de maior conhecimento científico com quem trabalhou no HJXXIII. Do mesmo modo, a médica Ana Flávia Passos Ramos, sublinha que a alegria e o bom humor de Ivaldo sempre transmitiram harmonia e tranquilidade. “Ele consegue envolver toda a equipe. Ivaldo concilia com maestria o bom humor e o profissionalismo”, ressalta.