“Prata da Casa” do Hospital Regional Antônio Dias possui uma história de dedicação e amor pelo trabalho
Não por acaso, ele nasceu no mesmo ano em que nascia a obra que iria consagrar João Guimarães Rosa como um dos maiores escritores da língua portuguesa. Não por acaso, ele é um apaixonado pela natureza, pela botânica e, em especial, pelo cerrado. Esse mesmo cerrado que inspirou Rosa na escrita de Grande Sertão: Veredas, cujo ambiente, não por acaso, é o mesmo cerrado que encanta esse mineiro de Patos de Minas, farmacêutico por profissão, botânico por pura paixão. Paixão que lhe valeu a menção do seu nome como colaborador numa publicação especializada em botânica.
Ele se define como um observador do cerrado e, não por acaso, pode repetir Rosa ao dizer que “natureza não é palco, não é cenário, é existência maior de vida. Ela não é mercadoria, é elemento constitutivo do ser humano”. Hélio Caixeta Tibúrcio, um homem simples e, ao mesmo tempo, sofisticado, um veterano que, há 54 anos, desempenha o seu papel neste mundo tendo como palco um hospital que ele acostumou a chamar de casa.
Disenteria
Era o ano de 1956, com apenas cinco dias de vida, o pequeno Hélio deu entrada no Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), trazido pelo pai, devido a uma disenteria. Como o seu estado era preocupante, e a instituição era administrada pelas freiras da Congregação Nossa Senhora das Dores, acharam melhor batizá-lo, ali mesmo no hospital, para que ele não morresse pagão.
Restabelecido, o menino cresceu, mas não ficou muito tempo longe do HRAD. Aos 10 anos de idade, passou a frequentar a farmácia, quando veio ajudar o pai em suas atribuições como responsável pela manutenção do hospital. Desde então, não saiu mais da instituição. Começou sua carreira como voluntário. Quando contratado, dedicou-se ao trabalho e foi se desenvolvendo como profissional. Atuou como gerente administrativo, foi responsável pela implantação do Almoxarifado e, após concluir a faculdade de Farmácia, assumiu o cargo de farmacêutico. Hoje atua na Farmácia Satélite do Pronto Socorro.
Serviços prestados
Oficialmente, o farmacêutico Hélio conta trinta e oito anos de serviços prestados, mas, extraoficialmente, ele tem, nada menos, que 54 anos de HRAD, haja vista que a sua saga no hospital começou aos cinco dias de vida. Portanto, Hélio é, sem dúvida, o mais antigo funcionário da instituição, superando até mesmo o pai, Waldson Caixeta Tibúrcio que atuou por 40 anos, certamente, influenciando o filho em seu amor pela instituição.
Gerações
Ao que parece, Waldson inoculou uma espécie de vírus em sua família. Isso porque não somente Hélio, mas também seus irmãos Iara Caixeta Tibúrcio e Humberto Caixeta Tibúrcio, desenvolveram uma ligação com o hospital, sendo ambos funcionários do HRAD. Mas a história não acaba por aqui. O processo de contágio é geracional e envolve, até agora, três gerações, isso porque os filhos de Hélio Tibúrcio e Waldelice das Graças Magalhães Tibúrcio (que, a propósito, é funcionária do hospital há 24 anos), já deram sinais de que também se interessam pela instituição. A filha, farmacêutica já foi funcionária concursada, entre 2009 e 2011, assim como o filho, enfermeiro, que estagiou no HRAD. “O hospital é grande parte da minha vida. Eu comi, vesti, estudei e eduquei os meus filhos com o salário que eu recebo aqui”, recita um dedicado Hélio Tibúrcio.
E para que não pairem dúvidas sobre a qualidade dos serviços prestados pelo hospital, Hélio faz questão de dizer que, ao longo de 38 anos, nunca adoeceu. Prova mais concreta que essa, impossível, haja vista que o primeiro e único tratamento de saúde que recebeu foi em 1956. Ele também chama a atenção para o fato de que nunca faltou ao serviço. Ou melhor, apenas no ano passado, “tive dois dias de licença em razão da dengue”, revela meio a contragosto.
Segundo sua mulher, Waldelice, ele mantém viva, até hoje, a paixão pelo hospital. Uma prova disso foi o seu empenho em recuperar a história da instituição. “Eu registrei a história do HRAD”, informa com simplicidade seu mais antigo funcionário.