Em três décadas, a incidência do câncer, em todo o mundo, teve um aumento superior ao dobro dos casos verificados até então, tendo-se em vista os primeiros dez anos do século 21. Estimativas da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC/OMS) revelam que este ano, aproximadamente, 500 mil pessoas serão vitimadas pela doença no Brasil. As maiores ocorrências, à exceção do câncer de pele (não melanoma), são os cânceres de mama e do colo do útero no sexo feminino e os de próstata e de pulmão no sexo masculino. Na região Sudeste, Minas Gerais ocupa o terceiro lugar em número de casos.
Em consonância com este cenário, o Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), referência estadual no tratamento do câncer, promove, desde ontem, 14, o 1º Simpósio de Investigação em Oncologia. O evento reúne profissionais e pesquisadores do próprio hospital e de instituições de ensino e de pesquisa mineiras.
Presente à abertura do evento, o presidente da Fhemig, Antônio Carlos de Barros Martins, salientou a importância da iniciativa e a relevância de fomentar-se a discussão a partir da prática assistencial. “É com satisfação que participo deste primeiro simpósio que, tenho certeza, será o primeiro de muitos outros, de modo a consolidar-se a pesquisa no hospital”, pontuou Martins.
A diretora do HAC, Dalze Lohner, em uma breve retrospectiva, lembrou que a oncologia está presente no hospital há 34 anos. “Com todo esse caminhar da oncologia, com o caminhar de todas as clínicas e de todos os profissionais, o Hospital Alberto Cavalcanti vem evoluindo ao longo dos anos”, comemorou a diretora.
Como frisou Dalze Lohner, o simpósio constitui-se em um primeiro núcleo de convergência das principais preocupações de todos os envolvidos na assistência ao paciente com câncer. O evento busca, assim, congregar as especialidades e subespecialidades, todas voltadas para o combate da doença, constituindo-se em um marco para promover a discussão.
A prevenção do câncer deve adquirir papel de destaque em todos os programas de controle da doença. Segundo o oncologista Roberto Carlos Duarte, “a prevenção primária é a melhor maneira de se evitar ou minimizar a exposição às causas do câncer e diminuir a suscetibilidade individual aos efeitos dessas causas. Essa abordagem oferece o melhor e menos dispendioso método de controle da doença”, salienta o médico.
Atualmente, o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado prematuramente, o prognóstico é bom. A sua incidência antes dos 35 anos é, relativamente, rara. Por outro lado, acima desta faixa etária, a ocorrência cresce rápida e de forma progressiva.
Quando diagnosticado em estágios precoces, o câncer de mama apresenta boa possibilidade de cura, sem necessidade de tratamentos radicais traumáticos (amputação ou quimioterapia muito agressiva). Nesse sentido, a prevenção secundária, na forma do exame mamográfico, é fundamental. Assim, a detecção precoce, associada a abordagens específicas e direcionadas a cada paciente e a cada tipo de tumor, permitem um tratamento individualizado. O mastologista Henrique Lima Couto ressalta que “embora a medicina esteja, ainda, distante do controle definitivo do problema, é perceptível a evolução em todos os aspectos: prevenção, diagnóstico, tratamento e recuperação”.