Campanhas movimentam os meses de outubro e novembro

Os meses de outubro e novembro são marcados por duas importantes campanhas de conscientização e prevenção dos cânceres de mama e próstata: Outubro Rosa e Novembro Azul, respectivamente. Depois do câncer de pele não melanoma, que lidera a lista do câncer que mais atinge pessoas em todo o mundo, o tipo de câncer que mais acomete mulheres é o de mama e, no caso dos homens, o de próstata. Por isso, as campanhas visam chamar atenção para a importância do diagnóstico precoce, que ainda é a única forma de prevenção da doença, já que ainda não foi descoberta a sua causa.


“Não existe prevenção primária do câncer, o que as campanhas fazem é a prevenção no estágio secundário, que é descobrir a doença quando ela ainda está no início. No caso do câncer de mama, quando ela é descoberta ainda no estágio 0 ou 1 da doença, que vai até o estágio 4, a chance de cura pode chegar a quase 100%, muitas vezes nem sendo necessário o tão temido tratamento de quimioterapia”, explicou o mastologista do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), Wagner Antônio Paz, durante palestra no hospital no dia 20/10, em comemoração ao Outubro Rosa.

Câncer de Mama

O câncer de mama registra cerca de 25% dos casos novos a cada ano, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Só este ano, a estimativa é chegar a 57.960 casos no país, sendo 5.160 em Minas Gerais e 1.030 apenas em Belo Horizonte. De acordo com Wagner, os maiores índices são nas grandes cidades, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. “Isso se deve aos hábitos alimentares e estilo de vida. O estresse fragiliza a saúde, não é uma causa, mas pode ser um facilitador”, explica o médico.

Entre os principais fatores de risco da doença, o principal deles é o sexo. Isso porque de cada 100 casos de câncer de mama, 99 são do sexo feminino. O segundo fator é a idade, já que a doença é mais comum em pessoas acima dos 35 anos, sendo ainda maior, e crescente, a incidência em pessoas acima dos 50. Já a hereditariedade aparece em terceiro lugar na lista, apesar do número de casos relacionados não chegar a 10%. No entanto, o mastologista explica que o risco hereditário deve ser considerado em casos de parentescos próximos, como mãe, irmã e filha, além de ser levado em conta o número de casos na família, especialmente em mulheres na fase jovem (pré-menopausa).

Vera Lúcia Fernandes da Silva iniciou o tratamento contra o câncer de mama em 2008, no Hospital Alberto Cavalcanti e hoje conta a experiência feliz com o resultado. “Moro em Santa Luzia e vinha de lá para fazer o tratamento chorando por dentro e sorrindo por fora. Retirei a mama, reconstruí e hoje estou feliz da vida e agradecida por tudo que me ofereceram no hospital. Digo a quem passa por esse problema para não se deixar abater. A ciência está aí para ajudar, mas é muito importante fazermos a nossa parte e mantermos o pensamento positivo”, conta com um sorriso no rosto.

Josina Alves Seixas descobriu a doença em 2012 e faz o acompanhamento até hoje. Ela acredita que a campanha Outubro Rosa pode fazer, sim, diferença na vida das mulheres. “Ajuda muito, pois orienta e estimula a pessoa a fazer o acompanhamento e a descobrir a doença ainda no começo, quando é mais fácil tratar”, afirma. Ela ainda deixa uma mensagem para quem está em tratamento. “Não pode desanimar, confie em Deus e nos médicos”.

Câncer de Próstata

No Brasil, o câncer de próstata representa em torno de 10% do total de cânceres. Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.

Na fase inicial, não há sintomas, sendo o tumor detectado somente por meio de exames clínicos e laboratoriais de rotina, como o toque retal e a dosagem do antígeno prostático específico ou PSA. Em estágios mais avançados da doença, o paciente pode se queixar de dificuldade para urinar, jato urinário fraco, sensação de não esvaziar bem a bexiga, e, em casos mais raros, sangramento na urina.

Como no câncer de mama e em todos os outros, a prevenção é secundária, ou seja, descobrir a doença no estágio inicial é a melhor forma de vencer o câncer de próstata. Para isso, todo o homem, a partir dos 45 anos, deve realizar os exames de toque retal e de dosagem do PSA. Em caso de anormalidades, outros exames deverão ser pedidos pelo médico e, posteriormente, iniciado o tratamento mais indicado para cada paciente.

Atenção à saúde

Wagner Paz faz um convite à reflexão. “Todos nós temos, igualmente, 24 horas por dia. Dessas 24, tiramos em média 8 horas para dormir e sobram ainda 16, que muitas vezes são dedicadas ao trabalho e à manutenção da casa, pela maioria das pessoas. Aí eu te pergunto, quanto tempo você tem dedicado do seu dia para cuidar da sua saúde, para se alimentar bem, para praticar uma atividade física e fazer algo que te dê prazer? Como anda a sua qualidade de vida?”, indaga o mastologista. Segundo ele, o corpo deve ser cuidado como um jardim. “A doença não olha cor, renda, nem beleza. Nosso corpo dá pequenos sinais de que algo não vai bem, como a diabetes, o excesso de peso etc. É preciso estar atento”, afirma.