Este mês, a Banco de Leite Humano (BLH) da Maternidade Odete Valadares (MOV) completa três décadas de existência. Protagonista na promoção ao aleitamento materno em Minas Gerais, o BLH atende, mensalmente, aproximadamente 1400 pacientes, entre gestantes, mães em aleitamento materno e seus bebês, além de realizar visitas domiciliares para coleta de leite humano e promover grupos de mães. Consegue captar, por mês, em torno de 250 a 300 litros de leite humano cru, além de atender prematuros da própria maternidade e de outros hospitais conveniados.
Em 30 anos, o Banco de Leite, por meio da sua equipe de técnicos e especialistas, construiu uma trajetória de ações baseadas no respeito à comunidade, na luta em prol do aleitamento materno e na qualidade do leite humano doado, processado e distribuído. É um centro especializado na orientação ao aleitamento materno e na preparação de leite humano em condições adequadas para o consumo de crianças necessitadas.
História
Inaugurado em 19 de outubro de 1986, por meio de parceria entre a extinta LBA (Legião Brasileira de Assistência) e a Maternidade, o Banco de Leite Humano da MOV teve como fundador o pediatra Murillo Horta Ludolf de Melo Filho, chefe da Neonatologia na época. A situação da saúde pública em Belo Horizonte era precária, não havia UTI neonatal na Maternidade, além de vários óbitos por superlotação. A implantação do banco de leite veio como um importante alicerce na melhoria da nutrição de neonatos.
Para a coordenadora do Banco de Leite da MOV, Maria Hercília Barbosa, o Banco possui grande valor social, em especial, para a população de Belo Horizonte, por ser o único da cidade. “O papel do BLH da Maternidade Odete Valadares foi crucial para fomentar a implantação de outros bancos de leite humano e postos de coleta no Estado. É o mais antigo em atividade em Minas Gerais. É um serviço reconhecido pela população e pelos profissionais de saúde”, afirma.
No ano de 1999, o BLH foi reconhecido pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde como referência para Minas Gerais, passando a ter o compromisso de orientar, treinar e assessorar todas as instituições interessadas na implantação de bancos de leite humano e postos de coleta. Em 2004, a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano / Instituto Fernandes Figueira também reconheceu o BLH MOV como o Centro de Referência para bancos de leite do Estado. Em 2015, durante o II Fórum de Cooperação Internacional de Bancos de Leite Humano e Seminário Nacional de Aleitamento Materno, o BLH MOV foi certificado com Padrão Ouro pelo seu desempenho.
ExcelênciaO diretor da Maternidade Odete Valadares, Francisco Viana, reforça que são trinta anos de muito sucesso. “O Banco de Leite da MOV presta um serviço à população de Belo Horizonte e a muitas cidades do interior que é único. Garantir o leite materno para bebês prematuros é trabalhar pela redução da mortalidade infantil, pela prevenção e redução de doenças na primeira infância, além de fortalecer o vinculo afetivo entre mãe e bebe”, afirma.
“Nós da equipe do Banco de Leite Humano da MOV temos um grande orgulho em fazer parte desse serviço, que é apaixonante, pois promove a cultura da paz. O aleitamento materno tem esse poder: onde há mães amamentando, existe ao seu redor um clima de apoio, carinho, aconchego e incentivo a um mundo melhor e mais humano”, concluiu a coordenadora do BLH.
O trabalho do BLH MOV marca de forma tão intensa a vida de quem passa por lá que não é raro que algumas mulheres passem da condição de paciente para doadora. É o caso da enfermeira Aline Helen Alves de Oliveira Guimarães Leite, mãe de Ana Beatriz, de 1 ano, e da funcionária pública Juliana Saltiel Barbosa Silva, mãe de Raul, de 2 anos e 9 meses.
Aline conta que teve problemas logo no início da amamentação. “Meu leite empedrou e tive muito incômodo para dar de mamar à minha filha. Foi quando procurei ajuda da equipe do Banco de Leite da MOV. Eles foram até a minha casa e me ajudaram muito. O atendimento foi maravilhoso. Recebi orientações para corrigir a pega e hoje, com um ano, a Ana ainda é amamentada”, afirma. “Daí comecei a ter muito leite, mais do que a minha bebê precisava. Resolvi então ser doadora. Para mim, é um ato de amor fornecer um alimento tão precioso a outros bebês que necessitam. É muito gratificante ser doadora“, garante.
Juliana conta que já recorreu ao BLH diversas vezes. No começo, só conseguia amamentar usando o bico de silicone. Como sabia que não era o adequado, fez sua primeira visita ao BLH com o objetivo de eliminar a utilização do acessório. “Com auxílio da equipe, consegui amamentar sem o bico. Uma semana depois, meu seio feriu e tive que voltar ao Banco de Leite, dessa vez para corrigir a pega. Também tive problema com leite empedrado algumas vezes e sempre recorria ao BLH para contornar o problema”, revela.