HAC utiliza perucas como “auxílio terapêutico” no tratamento do câncer

 

HAC utiliza perucas como “auxílio terapêutico”
Foto: Dalze Lohner
Edirani Costa trocou o chapéu pela peruca e garante que a sua autoestima se elevou bastante

 

O Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), referência estadual no tratamento do câncer, adota a estratégia de empréstimo de perucas para mulheres com diagnóstico de câncer de mama que são submetidas à quimioterapia. 

A perda dos cabelos é um dos efeitos da quimioterapia (terapêutica que representa um significativo avanço na cura e controle da doença). Embora não seja uma situação permanente, atinge a autoestima de muitas pacientes. Sensível ao sofrimento dessas mulheres, a cabeleireira e voluntária do HAC, Maria Antônia Zarro, doou, em novembro do ano passado, 20 perucas para o hospital. Zarro conhece bem a situação uma vez que, há dois anos, ela também enfrentou e venceu um câncer de mama.

“Esse gesto é maravilhoso, a alegria que ela proporcionou às pacientes é incomparável”, avalia a diretora do HAC, Dalze Lohner Maia. O resultado imediato da doação é, de fato, o reforço da autoimagem das mulheres. Isso fica claro com o depoimento de algumas pacientes do hospital que se beneficiaram do empréstimo das perucas.

Autoestima

 

Foto: Dalze Lohner
"Uma peruca pode fazer maravilhas por nós"

 

Diagnosticada em fevereiro do ano passado, Solange Maria de Andrade, de 49 anos de idade, começou a quimioterapia em junho de 2011. O alto custo das perucas constituía um obstáculo para que ela adquirisse o acessório. Solange recebeu uma das perucas doadas no final de dezembro. “Passei o natal usando ela. Rezei pela moça que doou, foi uma grande ajuda para a minha autoestima. A peruca até me deu sorte, pois, pouco tempo depois de usá-la, o meu cabelo cresceu”, assegura.

Otimista, Maria Margarida de Jesus, de 57 anos, atualmente encara o uso da peruca com bom humor. “Ela é estilo Chanel, olhando no espelho, eu me sinto bem, fiquei até mais nova”, afirma com convicção. Margarida conta que antes usava lenço e tinha, no começo do tratamento, receio de sair de casa. “A peruca me ajudou muito”, finaliza.

Aos 58 anos de idade, Edirani Costa Silva é um exemplo de autoastral e força. “Mesmo com o tratamento, eu me sinto bem. Uso a peruca há três meses. Antes eu usava lenço e chapéu. As pessoas não acham que é peruca, perguntam se eu pintei o cabelo, porque antes eu tinha vários fios brancos. Eu me achei bonita, fiquei mais jovem”, confidencia. Edirani garante que a peruca pode fazer maravilhas por quem está em tratamento e recomenda às mulheres que passam por esta experiência não exitarem em adotar o acessório.

Olhar diferenciado

Segundo a enfermeira do setor de oncologia do HAC, Marcela Augusta Carneiro, a adoção das perucas tem, efetivamente, um significativo valor terapêutico. “As pacientes ficam muito satisfeitas por não terem que exibir a cabeça sem cabelos. Elas relatam que se sentem olhadas de forma diferente quando estão usando as perucas. É comum elas se sentirem mais jovens e bonitas e isso tem um efeito positivo sobre o seu estado de saúde”, pondera a enfermeira.