Após três décadas de seu surgimento, o vírus HIV ainda constitui-se num grande desafio para a saúde pública mundial, haja vista que, apesar da redução dos percentuais de infecção, atualmente, a cada dia, mais de sete milhões de pessoas são acometidas pela doença. Para se ter uma ideia do impacto global da enfermidade, somente em 2009, quase dois milhões de pessoas morreram devido a causas relacionadas à AIDS. Dessa forma, a introdução da terapia antirretroviral produziu um grande impacto no controle da doença. No presente momento, quase sete milhões de pessoas fazem uso dos medicamentos, também conhecidos como “coquetel de antirretrovirais contra o HIV”. No Brasil, tais drogas são usadas há cerca de 16 anos, haja vista que a sua adoção ocorreu na segunda metade da década de 1990.
Diante desse quadro, segundo a dermatologista do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), Juliana Cunha Sarubi Noviello, a terapia antirretroviral adquire uma importância significativa, na medida em que diminui a carga viral e aumenta a contagem sérica dos linfócitos T CD4 (células de defesa que são mais atingidas pelo vírus HIV), melhorando, assim, a imunidade e evitando o aparecimento das doenças associadas à imunodepressão. Em consequência, há uma redução da letalidade e da morbidez da infecção pelo vírus. Além disso, a terapia também possibilita a modificação do desenvolvimento das doenças oportunistas e autoimunes.
Apesar dos consideráveis benefícios do uso dos antirretrovirais, “a melhora no funcionamento do sistema imunológico, após a instituição da terapia antirretroviral pode, algumas vezes, tornar ainda mais severas as infecções oportunistas preexistentes, possibilitando o surgimento da Síndrome de Reconstituição Imune”, salienta a dermatologista. Essa síndrome é associada à terapia antirretroviral, uma vez que a terapia estimula a resposta
inflamatória do paciente, antes fraca ou inexistente, tornando-a muito potente.
Paralelamente a essa característica do tratamento, tem-se o fato de que a adesão à terapia é complexa, haja vista que ela envolve fatores particularizantes tais como o tipo de população e as características regionais, dentre outros. Por outro lado, a necessidade de tomar uma série de medicamentos que produzem grande quantidade de interações, com efeitos adversos bastante severos e por um prazo indeterminado, talvez por toda a vida, torna a adesão e a continuidade do tratamento um verdadeiro desafio para a saúde pública.
Embora o acesso universal aos serviços que possibilitam o controle da doença, de forma a impedir a transmissão vertical do HIV, ou seja, de mãe para filho, permaneça como meta a ser alcançada pela maioria dos países (apenas 22 atingiram esse patamar), verifica-se, presentemente, um progresso considerável no que tange à resposta global à doença.
O fato de que, hoje, 34 milhões de pessoas vivem com o vírus confirma o estágio em que se encontra o tratamento dessa enfermidade. Tal cenário positivo se configurou a partir da Sessão Especial das Nações Unidas sobre HIV/AIDS realizada no ano de 2001. Desde então, ou seja, nos últimos 10 anos, a taxa de novas infecções diminuiu 25%, ao passo que as mortes decresceram 20% em apenas cinco anos.
A temática da AIDS, dentre outros temas de grande relevância para a saúde pública, foi objeto de discussão do VI Congresso Brasileiro de Dermatologia, o qual contou com o patrocínio da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Com informações do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC – www.unodc.org).