Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares completa 25 anos de atuação

Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares
Foto: Alexandra Marques
Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares atua como referência no Estado de Minas Gerais

 

O Banco de Leite Humano da Maternidade Odete Valadares completa, neste mês, 25 anos de atuação em defesa da amamentação como forma de assegurar a saúde do bebê. "O BLH adquire um papel crucial, não somente por prover o recém nascido de suas necessidades nutricionais (por meio da distribuição de leite), como também por disseminar a cultura da amamentação como um direito de toda criança", ressalta a coordenadora do BLH, Maria Hercília de Castro Barbosa.

 

Referência estadual e núcleo de formação para os profissionais de BLHs em Minas Gerais, o Banco de Leite Humano da Rede Fhemig compõe a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. Em todo o Estado, há 10 BLHs e 21 postos de coleta, num total de 31 unidades destinadas à promoção da prática da amamentação, da distribuição de leite humano e da solidariedade, na medida em que as doadoras participam voluntariamente.

Ao longo do último quarto de século, mais de 200 mil mulheres, que apresentavam dificuldades para amamentar, foram beneficiadas pelos serviços do BLH. As ações do BLH estão em consonância com os pressupostos da Organização Mundial de Saúde (OMS) que recomenda que as crianças sejam alimentadas exclusivamente com leite materno nos primeiros seis meses de vida e que, a partir de então, a amamentação seja mantida por dois anos ou mais, juntamente com o uso de alimentos complementares adequados.

Doação

Para doar, a mulher não deve ser fumante, consumidora de bebida alcoólica ou fazer uso de medicamentos que contra indiquem a amamentação. Também é necessário que todos os exames de pré-natal sejam negativos.
Além disso, antes da doação, a mama deve ser lavada com água. Para secar, pode ser utilizado um pano limpo ou gaze. O primeiro jato de leite deve desprezado de modo a permitir a limpeza dos canais do mamilo e, somente após, dar início à coleta.

É importante salientar que todo leite doado passa por exames rigorosos para evitar contaminação. Depois de pasteurizado (processo realizado pela MOV), o leite pode ser armazenado por até seis meses. Por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são aplicados os mesmos procedimentos exigidos para a doação de sangue.

Coleta Domiciliar

O Banco de Leite realiza a coleta domiciliar, assim, os frascos são recolhidos nas próprias casas, uma vez por semana. Caso seja do interesse da doadora, ela também poderá procurar diretamente o banco de leite ou posto de coleta.

Para mais informações, as mães que desejam fazer a doação devem entrar em contato com o Banco de Leite da Maternidade Odete Valadares, através do telefone (31) 3239-6008, de segunda a sexta, de 8:30 às 17:30 hs.

Histórico

O primeiro Banco de Leite Humano (BLH) brasileiro data de outubro de 1943.  Ele foi criado (no hoje denominado Instituto Fernandes Figueira – IFF) com o objetivo de coletar e distribuir leite humano de modo a atender os casos de prematuridade, alergias a proteínas heterólogas e distúrbios nutricionais.

Em 1985, os BLHs adquiriram um novo papel para a saúde pública, em decorrência do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM). No entanto, ao longo das décadas de 1940 e 1950, a distribuição do leite humano era tida como uma alternativa segura para os casos de desnutrição associados ao consumo de produtos industrializados em substituição ao leite materno. No período que compreendia as duas décadas, havia evidências de que 85% dos óbitos por desnutrição entre bebês precocemente desmamados estavam associados ao uso da alimentação artificial, daí a importância dos BLHs.

De todo modo, entre 1943 e 1985, os bancos de leite brasileiros atuavam, exclusivamente, como coletores e distribuidores de leite humano, visando apenas o seu fornecimento, sem qualquer estímulo à amamentação.

Expansão

A expansão dos BLHs deu-se a partir de 1985 e adquiriu um caráter histórico. O incremento das unidades deveu-se aos esforços do PNIAM que, no ano de 1984, criou o Grupo Técnico BLH, de modo a acompanhar a implantação e o funcionamento dos BLHs em todo o país.

Nesse contexto, a então Rede de Bancos de Leite Humano (Rede BLH) tornou-se Banco de Leite Humano. Devido a essa nova configuração operacional foi possível atuar com expertise técnica diante dos agravos e riscos representados pela AIDS. Isso em um momento em que os BLHs, em vários outros países, tiveram suas atividades encerradas devido ao risco biológico e problemas de segurança operacional.

O desenvolvimento dos BLHs no Brasil pode ser creditado, dentre outros fatores, aos investimentos na formação de recursos humanos que se constituíram em elementos estratégicos para a expansão.