O Governo de Minas, através da Secretaria de Estado de Saúde, lançou na manhã desta quinta-feira, 12, o Programa Estadual de Controle Permanente do Câncer de Mama. Inédito no país, o programa tem o objetivo de mudar o modelo de assistência em câncer de mama, ao estabelecer quatro pilares básicos para o enfrentamento da doença, e, assim, reduzir o número de mortes decorrentes do diagnóstico tardio.
A inovação parte da ampliação da faixa etária, da facilitação e da massificação do acesso ao exame de mamografia, da facilitação da definição do diagnóstico e do início rápido do tratamento. Desse modo, quando o laudo radiológico for positivo, a mulher terá o seu tratamento iniciado em 30 dias. A mudança de patamar de tempo, ou seja, dos atuais 100 dias para 30 dias, representa uma verdadeira revolução na abordagem do problema.
A ampliação da faixa etária implica na disponibilização e na desburocratização do acesso à mamografia a todas as mulheres com idade entre 45 e 69 anos residente no estado. Assim, essa clientela poderá fazer o exame sem a necessidade de consulta médica prévia. Para receber a guia de solicitação de exame, as mulheres desse grupo etário precisam, apenas, apresentar sua carteira de identidade, em qualquer unidade de saúde pública, para receberem o documento de marcação no serviço público de radiologia mais próximo de sua residência. O agendamento do exame poderá ser realizado por telefone ou pessoalmente, ficando a critério da mulher a escolha da forma que seja mais conveniente.
Na hipótese da mamografia registrar nódulos que requeiram investigação oncológica, haverá o encaminhamento para o estabelecimento de diagnóstico e se este for positivo, o tratamento terá início em 30 dias no hospital no qual a doença foi detectada. Para isso, os 32 centros de alta complexidade do Estado constituirão a retaguarda do programa. Esse fator é decisivo no combate ao câncer de mama, uma vez que, em razão da demora para o início do tratamento, há o agravamento do quadro de saúde e, em aproximadamente 30% dos casos, o óbito da paciente. Portanto, o diagnóstico precoce representa uma redução de pelo menos 25% das taxas de mortalidade por câncer de mama.
O modelo implementado em Minas Gerais busca tornar as mulheres corresponsáveis no processo de cuidado de sua saúde. Nesse contexto, a disseminação de informações é crucial para a compreensão da importância da mamografia e para a adesão ao exame. Assim, todos os meios de comunicação mineiros foram convocados para atuarem como parceiros no processo de conscientização e educação da população feminina para a inclusão do exame em sua rotina de saúde.
O secretário de estado de saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, assegurou que o Estado possui quantidade de mamógrafos suficientes para atender a demanda. A Secretaria de Estado de Saúde tem como meta realizar 900 mil exames de mamografia anuais. Antônio Jorge ressaltou ainda que possíveis locais que ainda não possuam o aparelho serão equipados, de modo a permitir a cobertura integral. Segundo o secretário, inclusive, comunidades quilombolas e tribos indígenas serão contempladas pelo programa. “Precisamos convencer todas as mulheres que, mais que um direito, submeter-se à mamografia é um dever”, pontuou Antônio Jorge.
De acordo com o presidente da Rede Fhemig, Antônio Carlos de Barros Martins, o programa irá promover uma verdadeira revolução na abordagem e no tratamento do câncer de mama, buscando reverter, assim, as atuais estatísticas de mortalidade em razão da doença.
Para a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Aline Laura Chagas, o programa instituído pelo Governo de Minas deve ser replicado em todo o país para que se promova uma mudança histórica não somente em Minas Gerais, mas no Brasil.
O presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, em Minas Gerais, João Henrique Pena Reis, salientou que o programa “é um passo histórico e pioneiro. Ele será acompanhado de uma série de desafios pós diagnóstico, pois implicará em mais investimentos nos hospitais para a absorção da nova demanda”.
Presente à solenidade, Elza Figueiredo Coutinho, de 58 anos de idade, ex-paciente do Hospital Alberto Cavalcanti (HAC), da Rede Fhemig, falou sobre a importância do diagnóstico precoce. Consciente da relevância do exame de mamografia, Elza disse que imediatamente após a mamografia que revelou a presença de nódulos, foi realizada a biópsia que permitiu a comprovação da doença.
Apesar da rapidez de todo o processo, ela conta que demorou a concordar com a cirurgia por insegurança. Quando tomou a decisão, foi necessário a retirada do seio esquerdo e, dois anos depois, a reconstrução mamária. No entanto, Elza Coutinho faz questão de salientar que a atuação dos profissionais do HAC foi determinante para ela estar viva hoje. “Eu fui negligente e o hospital foi responsável por eu continuar aqui. Aquele hospital tem uma energia boa que é transmitida para o paciente”, contou.
Somente no ano passado, o Hospital Alberto Cavalcanti, primeiro hospital público estadual a receber a chancela de referência no tratamento do câncer, realizou 2.420 consultas, 1.668 mamografias e 156 cirurgias. De acordo com a coordenadora do serviço de mastologia do HAC, Cláudia Maria Avelar e Silva, o rastreamento do câncer de mama é a base, enquanto o início do tratamento é o fator determinante. “Não adianta trabalhar somente em uma destas frentes, por isso a abordagem dada pelo Governo de Minas é inovadora. Do mesmo modo, o esclarecimento das mulheres quanto a importância do exame é crucial para fechar o ciclo de ações, daí o ineditismo do Programa Estadual de Controle Permanente do Câncer de Mama ao convocar a imprensa para atuar como parceira”, ponderou Cláudia Avelar.
Dalze Lohner, diretora do HAC, disse ainda que “está comprovado que a facilidade do acesso e o esclarecimento das pacientes é essencial para o real enfrentamento do problema. A ação integrada é fundamental”, finalizou.