No Dia Mundial de Combate ao Câncer, (8/04), urologistas do Hospital Alberto Cavalcanti, da Rede Fhemig, alertam contra o câncer de bexiga. Segundo o urologista Pedro Romanelli, o hospital recebe muitos pacientes em estágio avançado da doença. O principal indício é a presença de sangue na urina.
A incidência do problema em homens é mais de duas vezes e meio maior do que em mulheres e, em 50% dos casos, está associado ao tabagismo. Fumantes têm de três a cinco vezes mais chances de desenvolver este tipo de câncer. Trata-se ainda do quarto tipo de tumor mais freqüente em adultos, cuja incidência, nos últimos 25 anos, cresceu 5%. Contudo, a mortalidade caiu 36%.
Quando o câncer está no estágio inicial, o procedimento indicado é uma raspagem por meio de uma sonda introduzida na uretra, mas no estágio avançado é feita a cistetocmia radical, ou seja, a retirada da bexiga que é reconstituída usando-se, na maioria das vezes, o intestino.
Segundo Pedro Romanelli, a cirurgia dura em média de quatro a oito horas e o pacientes fica uma semana internado. Em alguns casos o paciente precisa fazer quimioterapia. Pedro Romanelli explicou que o câncer de bexiga está muito relacionado com o tabagismo, contatos com agrotóxicos, entre outros fatores de risco.
Cirurgia inédita
O Hospital Alberto Cavalcanti foi pioneiro em Minas Gerais na Cistetocmia radical videolaparascópica com neobexiga ileal ortotópica, um dos mais recentes avanços da Medicina. O paciente com câncer avançado de bexiga teve o órgão extraído e, em seu lugar, foi colocado um novo órgão moldado com um pedaço do próprio intestino. No procedimento, foram feitos pequenos orifícios no abdome do paciente - menos de um centímetro de diâmetro - com a ajuda de pinças e uma microcâmera.
A cirurgia foi realizada pelos urologistas Pedro Romanelli e Ricardo Nishimoto, que desde fevereiro de 2006 estão no comando do Setor de Urologia do Hospital, e a recuperação do paciente foi surpreendente. O paciente, um homem de 45 anos, antes teria que se submeter a uma cirurgia bastante arriscada, com uma grande incisão no abdome, além de estar condenado a usar uma bolsa coletora externa pelo resto da vida.
No novo procedimento, um pedaço do intestino é retirado e a nova bexiga é confeccionada do lado de fora do corpo, enquanto o pedaço seccionado é reparado. A nova bexiga é então introduzida novamente no abdome é ligada à uretra. “Mesmo com a videolaparoscopia, ainda é uma cirurgia complicada. Foram oito horas ininterruptas com o paciente sob anestesia geral. Mas, com a ajuda da câmera, fazemos apenas pequenos furos no abdome do paciente e o risco de infecções é muito menor. A dor diminui no pós-operatório, além da recuperação ser muito mais rápida”, explica Pedro Romanelli.
O paciente teve alta do hospital em dez dias e já voltou a sua rotina normal. A nova bexiga funciona normalmente. Segundo os dois médicos, em todo o mundo foram realizados cerca de 240 procedimentos iguais a este.
A primeira cirurgia deste tipo realizada, no Brasil, aconteceu em Brasília (DF), há três anos. Os dois urologistas fizeram estágios nos hospitais que realizaram estes dois procedimentos e agora acabam de voltar de Paris, onde acompanharam o dia-a-dia de uma equipe que só faz este tipo de procedimento.