Neste domingo, dia 25, o Hospital Galba Velloso comemora 48 anos de cuidados à saúde mental de usuários de Belo Horizonte, Região Metropolitana e interior do Estado. Logo nos primeiros anos de funcionamento – de 1963 a 1969 - o serviço tornou-se referência para um novo modelo de psiquiatria que trazia a presença dos familiares, o atendimento ambulatorial, as oficinas terapêuticas, a psicanálise, além da medicação.
Em 2008, o HGV realizou 10.461 atendimentos, 2.898 internações e uma média de 872 consultas mensais. Nesse período, dos 144 leitos manteve 91,3% de ocupação com taxa de permanência de 16 dias.
O HGV alcançou 77,92% no Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares (PNASH), de 2006-2007, que avaliou 17 instituições credenciadas no Estado de Minas Gerais. Segundo o diretor hospitalar, Daniel Eugênio de Freitas, a unidade tem se destacado pelo trabalho de diálogo entre as equipes e encaminhamento dos pacientes para os serviços de atenção à saúde mental dos municípios.
“A gente percebe uma melhoria significativa na hotelaria dos hospitais que hoje oferecem ao paciente banho quente (a psiquiatria viveu uma fase em que os banhos eram de mangueira e com vassouras), sabonete, toalhas, peças individuais e roupas de cama em bom estado de limpeza e de conservação”, exemplificou a coordenadora de Saúde do Estado de Minas Gerais, Marta Elizabeth de Sousa.
Documentário
Assistir ao documentário ‘Em nome da razão’ (1980), de Helvécio Ratton, que traz em 25 minutos registros dos moradores do antigo CHPB, é um dos recursos que a coordenadora de Saúde Mental do Estado de Minas, Marta Elizabeth de Sousa, usa para manter acesa a luta por melhores condições assistenciais aos pacientes psiquiátricos.
As câmeras trouxeram à luz os pavilhões e pátios do maior manicômio de Barbacena, mostrando a dura realidade de crianças, velhos, homens e mulheres que tiveram suas vidas interrompidas por serem diferentes e inadequados para a sociedade daquele momento.
“Em 2007 quando nós nos preparávamos para a comemoração do Dia Nacional da Luta Antimanicomial nós recebemos uma denúncia com fotos de pacientes de uma clínica particular de Belo Horizonte em condições deprimíeis, nus, alimentado-se em recipientes sujos semelhantes ao do filme” há 28 anos, contou.
Para ela, saúde mental é uma área que exige cuidado e vigilância constante porque quando se acredita que está avançado, a população é surpreendida por uma ação contrária, como essa acorrida na capital.
Histórico
O HGV foi inaugurado em janeiro de 1961 e iniciou suas atividades, em 62, com a missão de cuidar das pacientes, indigentes, que eram encaminhadas pelo Instituto Raul Soares. Em 1969, foi integrado ao Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), transformando-se numa estrutura mista entre este e a Fundação Estadual de Assistência Psiquiátrica (FEAP). O posto de Urgência Psiquiátrica (PUP) inicialmente era ligado ao INPS e administrado por uma gerência independente. A PUP respondia pela internação e triagem dos pacientes para os hospitais privados credenciados.
Em 1977, com a fusão das três fundações estatuais – Assistência Psiquiátrica (FEAP), Assistência Médica de Urgência (FEAMUR) e Assistência aos Leprosos (FEAL) – foi criada a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), da qual o Hospital Galba Velloso passou a integrar.
Até meados dos anos 70, o HGV contava com 450 leitos psiquiátricos e 10 enfermarias, que foram sendo reduzidos ao longo dos anos dentro da nova Política de Saúde Mental do Ministério de Saúde.
Galba Moss Velloso
Foi diretor do Instituto Raul Soares (IRS), assumindo a sua direção em 1934, e alcançando prestígio nacional com as atividades realizadas pelo hospital. Galba Velloso também fundou, em 1936, a Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal de Belo Horizonte. Em 1938, inaugura os “Arquivos de Neurologia e Psiquiatria”, órgão da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal de Belo Horizonte. Publicou vários trabalhos científicos na área de psiquiatria.
Em 1945, é demitido do cargo de IRS em decorrência dos envolvimentos políticos e por ter assinado o “Manifesto dos Mineiros”. Galba Moss Velloso faleceu em 10 de março de 1952. É o patrono da cadeira número 23 da Academia Mineira de Medicina.
Fonte: Sociedade Brasileira de Medicina
Plano Diretor do Hospital Galba Velloso (2005 - 2007)