A identificação das hepatites virais é uma importante questão de saúde pública que exige mobilização, capacitação e constante troca de informações. A doença é uma inflamação do fígado e pode ser causada por vírus, uso de remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Segundo Soraia Zardini, referência técnica do Programa Estadual de Prevenção e Controle das Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), no Brasil, as hepatites virais mais comuns são as causadas pelos vírus A, B, C e D. “As hepatites virais B e C são doenças silenciosas, e seus sintomas podem demorar décadas para aparecer”, afirma. Francisco de Souza, referência técnica da SES/MG em doenças complexas, explica que “de 5% a 10% dos casos de hepatite B evolui para a cronicidade e podem apresentar, ao longo dos anos, cirrose hepática e câncer de fígado.
Já a Hepatite C, 80% dos casos podem se tornar crônicos e desses, 20% podem evoluir para a cirrose, podendo ainda evoluir para câncer hepático de 1% a 5% dos casos”. Para Francisco, o diagnóstico e o tratamento precoces podem impedir a evolução para as formas graves da doença, por isso é importante fazer o teste que mostra se você tem infamação do fígado (prova de função hepática), ou em casos de risco detectado nas consultas médicas, exame específico para o vírus B, e para o vírus C. O teste para a prova de função hepática está disponível no Sistema Único de Saúde - SUS, afirma”.
A evolução das hepatites varia conforme o tipo de vírus. Os vírus A e E apresentam apenas formas agudas de hepatite (não apresentando potencial para formas crônicas). Isto quer dizer que, após uma hepatite A ou E, o indivíduo pode se recuperar completamente, eliminando o vírus de seu organismo. As hepatites virais são doenças de notificação compulsória, ou seja, cada ocorrência deve ser notificada por um profissional de saúde. Esse registro é importante para mapear os casos de hepatites no país e ajuda a traçar diretrizes de políticas públicas no setor.
Hepatite A - Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.
Hepatite B - Como o vírus está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível. Entre as causas de transmissão estão:
• por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada;
• da mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou amamentação;
• ao compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings;
• por transfusão de sangue contaminado.
Hepatite C- O vírus C, assim como o vírus causador da hepatite B, está presente no sangue. Entre as causas de transmissão estão:
• Transfusão de sangue;
• Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de piercings;
• Da mãe infectada para o filho durante a gravidez;
• Sexo sem camisinha com uma pessoa infectada (forma mais rara de infecção).
Hepatite D - A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa, portanto sua transmissão ocorre da mesma forma. Hepatite E- Sua transmissão é fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.
Em grande parte dos casos, as hepatites virais são doenças silenciosas, o que reforça a necessidade de ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam os vários tipos de hepatites. Mas, quando os sintomas aparecem, estes podem ser:
. Febre;
. Fraqueza;
. Mal-estar;
. Dor abdominal;
. Enjoo/náuseas;
. Vômitos;
. Perda de apetite;
. Urina escura (cor de café);
. Icterícia (olhos e pele amarelados);
. Fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro).
Atualmente, o Ministério da Saúde oferece vacina contra a hepatite dos tipos A e B, nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE) e nos postos de saúde, respectivamente. Não existe vacina contra a hepatite C, o que reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão, bem como entre grupos vulneráveis, por meio de políticas de redução de danos.
A vacina contra a hepatite A não faz parte do calendário nacional de vacinação. O encaminhamento, quando indicado, deverá ser feito pelo médico. No entanto, essa vacina está disponível no CRIE nas seguintes situações:
. hepatopatias crônicas de qualquer etiologia;
. portadores crônicos do HBV e HCV;
. coagulopatias;
. crianças menores de 13 anos com HIV/aids;
. adultos com HIV/aids que sejam portadores dos vírus causadores da hepatites dos tipos B ou C;
. doenças de depósito;
. fibrose cística;
. trissomias;
. imunodepressão terapêutica ou por doença imunodepressora;
. candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes;
. transplantados de órgão sólido ou de medula óssea; . doadores de órgão sólido ou de medula óssea, cadastrados em programas de transplantes;
. hemoglobinopatias.
A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação da criança, e do adolescente de até 24 anos, e está disponível nas salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS). Todo recém-nascido deve receber a primeira dose da vacina logo após o nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o recém-nascido deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra a hepatite B, nas primeiras 12 horas de vida, para evitar a transmissão de mãe para filho. Caso não tenha sido possível iniciar o esquema vacinal na unidade neonatal, recomenda-se a vacinação na primeira visita à unidade pública de saúde.
A oferta dessa vacina estende-se também a outros grupos em situações de maior vulnerabilidade, independentemente da faixa etária:.
.gestantes, após o primeiro trimestre de gestação;
. bombeiros, policiais militares, policiais civis e policiais rodoviários;
. carcereiros, de delegacia e de penitenciárias;
. coletadores de lixo hospitalar e domiciliar;
. comunicantes sexuais de pessoas portadoras do vírus causador da hepatite B;
. doadores de sangue;
. homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo;
. lésbicas, gays, bisexuais, travestis e transexuais;
. pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores, forças armadas, entre outras);
. manicures, pedicures e podólogos;
. populações de assentamentos e acampamentos;
. populações indígenas;
. potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundidos;
. profissionais do sexo/prostitutas;
. usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas;
. portadores de doenças sexualmente transmissíveis (DST);
. caminhoneiros;
. trabalhadores da saúde.
O novo Protocolo para o Tratamento da Hepatite C proporciona, dentre outros benefícios, a ampliação do uso de interferon peguilado e facilita o acesso ao tratamento em alguns casos que não necessitarão de biópsia prévia. As mudanças passaram a valer a partir do dia 18 de julho. Na prática, a medida permite mais agilidade para indicar o prolongamento de tratamento.
O texto anterior, publicado em 2007, garantia a extensão do uso do interferon desde que houvesse aprovação do Comitê Estadual de Hepatites Virais. Agora, o médico que acompanha o paciente já pode prescrever a continuidade do tratamento, de acordo com os critérios estabelecidos no documento. No Brasil, há 11.882 pessoas em tratamento e a ampliação do uso do interferon peguilado para portadores de outros genótipos do vírus da hepatite C beneficiará pelo menos outros 500 pacientes ainda neste ano. A formulação trará mais conforto e comodidade a estes pacientes, pois esta é utilizada apenas uma vez por semana – no caso do interferon convencional, são três doses a cada semana.
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais