Crédito: Frederico Haikal / Jornal Hoje em Dia.
Legenda: Serafim Bento vive uma vida normal
Hoje, existem pacientes portadores do vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) que estão há mais de 20 anos sendo acompanhados, somente no Hospital Eduardo de Menezes (HEM). Para os que fazem uso correto da medicação, a expectativa de vida é igual à da população em geral. Atualmente, a aids é considerada uma infecção crônica, com tratamento, e não mais uma “sentença de morte” para quem tem o diagnóstico soropositivo. Mesmo com as campanhas promovidas pelos órgãos governamentais e instituições privadas, o preconceito ainda é a maior dificuldade nos tratamentos.
“Quando contei para minha mãe ela ficou indignada e, ao invés de me apoiar, foi a primeira a me condenar. Sofri o preconceito na pele e de onde eu menos esperava”, revela Aline Michele, nome fictício de uma paciente que é atendida no HEM. Ela sabe que pegou do namorado. Descobriu que era portadora do vírus quando foi fazer um exame admissional e por isso não conseguiu o emprego. Situação que ilustra bem a importância do slogan da campanha deste ano do Dia Mundial de Luta contra a Aids, 1º de dezembro, “Viver com aids é possível; com o preconceito não”.
Para Serafim Bento, que tem 47 anos e há onze sabe que é portador do HIV, a descoberta o deixou transtornado. “No dia em que soube abandonei minha família e fui embora. Sai pelo mundo desorientado”, lembra. A mãe dele foi quem correu atrás do filho em busca de notícias e pedindo para que ele voltasse para casa dizendo que a situação não era motivo nenhum para que o filho ficasse sozinho no mundo.
A aceitação por parte da mãe foi um alívio e sinal de força para Serafim que hoje vive muito feliz e não tem medo de contar que é soropositivo apesar de ter perdido a audição em decorrência de uma meningite contraída por causa de complicações da doença. O medo assim que descobriu que era portador do vírus não permitiu que ele procurasse ajuda nos primeiros cinco anos. Atualmente, integra a ONG Grupo Solidário e é um dos mais engajados pacientes do Hospital Eduardo de Menezes. “Trabalho que me ajudou a levantar a cabeça e me sentir vivo”, declara.
Referência
O Hospital Eduardo de Menezes, referência estadual também nestes casos, preparou uma programação para conscientizar, mais uma vez, a sociedade, incluindo pacientes, familiares e funcionários. A unidade é referenciada com o maior número de leitos, incluindo as vagas no CTI. Interna em média 26% de todos os pacientes de aids no Estado. São cerca de 100 internações mensais. O HEM ainda oferece o Hospital-dia (com mais de 50 pacientes cadastrados) e o ADT – Atendimento Domiciliar Terapêutico (que varia o atendimento de acordo com a necessidade dos pacientes). O serviço ambulatorial atende cerca de 500 pacientes por mês.
A aids está chegando à terceira idade
O perfil dos pacientes soropositivos, hoje, é semelhante ao que se nota em todo o País: a maioria é do sexo masculino, heterossexual. Está sendo observado um crescimento do número de casos em pessoas acima dos 50 anos de idade. Isto se dá também pelo fato de ter aumentado a expectativa de sobrevida desses pacientes – alguns estão há mais de 20 anos em monitoramento no Eduardo de Menezes.
A gerente assistencial do HEM, Tânia Maria Marcial, observa que os pacientes que se internam são os que já tinham a doença, mas ainda não sabiam. “Infelizmente, estes chegam numa fase avançada. Temos também os casos daqueles que sabem, mas não fazem o uso correto da medicação”.
O tratamento para os portadores do vírus HIV é feito com medicamentos antirretrovirais (coquetel). Todos os medicamentos disponibilizados pelo Ministério da Saúde são fornecidos aos pacientes cadastrados no Hospital Eduardo de Menezes, assim como o acesso aos serviços oferecidos, como exames para diagnóstico e acompanhamento dos casos.
O ambulatório de Infectologia possui uma equipe multidisciplinar com especialistas em neurologia, nefrologia, pneumologia, cirurgiões – geral e de tórax, urologistas, oftalmologistas, entre outros. Os pacientes contam ainda com enfermeiros e técnicos, assistentes sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais e dentistas. “O ponto relevante desta equipe é a humanização do atendimento, proporcionando mais segurança e conforto aos pacientes”, garante a gerente assistencial.
O Hospital Eduardo de Menezes também oferece uma equipe multidisciplinar para atendimento em domicílio. Estes profissionais atendem aos doentes com complicações, seja porque fazem uso incorreto dos medicamentos, ou por apresentarem distúrbios psiquiátricos, sem condições de se deslocarem ao hospital ou, ainda, se precisarem de avaliação por períodos mais curtos. Quando o doente apresenta melhora clínica é liberado para o acompanhamento ambulatorial. O HEM ainda conta com o serviço de Hospital-dia, para aqueles que precisam utilizar medicamentos por via venosa, de forma constante.
Programação no HEM no Dia Mundial de Luta contra a Aids (1º/12/09):
O Hospital Eduardo de Menezeslançou hoje o manual “Orientações aos Pacientes”, elaborado pelos profissionais do Ambulatório de Infectologia, com todos os esclarecimentos sobre a doença e tratamento correto, inclusive sobre dúvidas cotidianas de quem faz uso da medicação. No mesmo dia foi realizada palestra além de mostra de material informativo e oficinas, corte de cabelo para os pacientes e uma missa, às 16 horas, para os funcionários, portadores do vírus e comunidade.
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