A assistência prestada pelos Centros de Atenção Psicossocial para Tratamento de Dependentes de Álcool e Drogas - CAPS-ad - será debatida em Belo Horizonte, nos próximos dias 1 e 2 de dezembro, na XXII Jornada do Centro Mineiro de Toxicomania - CMT. Deverão participar do encontro, no auditório da FUMEC, representantes dos CAPS-ad existentes no Estado e demais profissionais de saúde.
A meta do Estado para o ano que vem, segundo informações da Secretaria de Estado da Saúde, é dar incentivo para dobrar o número de CAPS-ad em Minas, que conta hoje com 20 destes centros. Belo Horizonte tem dois CAPS-ad: o CMT, da Rede FHEMIG, e o CERSAM-ad, mantido pela Prefeitura de Belo Horizonte, localizado na região da Pampulha.
Reconhecido como Centro de Excelência e Capacitação para tratamento de usuários de álcool e outras drogas, pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e pelo Ministério da Saúde, o CMT atendeu em 2011, até 22 de novembro, 1.009 novos casos. Deste total, 44% usuários de crack, 36% de álcool, 10% de cocaína e 10% de maconha.
Em um momento em que o uso de álcool e outras drogas é reconhecido como um grave problema de saúde pública, o tema central da Jornada do CMT: "Há Clínicas nos CAPS-ad", gira em torno do tratamento, oferecido de fato, pelos Centros de Atenção Psicossocial. Serão discutidos entre outras questões: o acolhimento, espaço de tratamento, alta/ encaminhamentos/ articulação com a rede de atenção ao usuário e as internações.
Ela discorda, totalmente, da posição de que a internação do usuário de álcool e outras drogas seja a garantia de tratamento e da recuperação. Segundo Raquel Pinheiro, a internação só deve ocorrer quando há risco de autoextermínio ou quando o usuário coloca a vida de outra pessoa em risco, apresentando ainda uma comorbidade psiquiátrica. Ela ressalta que, no complexo campo da dependência, todas as linhas de tratamento devem ser respeitadas, até mesmo levando-se em conta o fato de que "uma abordagem que funciona com um dependente pode não funcionar com outro, diante da diversidade do ser humano, com diferentes necessidades, possibilidades, motivações e escolhas".
A diretora do CMT deixa claro que as várias estratégias de tratamento do usuário de drogas devem ser complementares e não concorrentes. "Deve-se buscar a soma de esforços porque, no final das contas, o que interessa, realmente, é que o usuário consiga melhorar a qualidade de vida".
Raquel Pinheiro afirma que um dos grandes desafios é a adesão ao tratamento. Ela revela que 70 por cento abandonam o tratamento, quando começam a melhorar e recaem nas drogas. Deste total, 40% retornam ao tratamento e muitos deles se revezam entre "idas e vindas". "O índice de recuperação gira em torno de 30 por cento, após dois anos, em média, de tratamento".
O consumo abusivo de álcool, tabaco e drogas ilícitas é prevalente em todo o mundo e está entre os 20 maiores fatores de risco para problemas de saúde identificados pela Organização Mundial de Saúde.
Segundo dados apresentados pelo segundo Levantamento Domiciliar, sobre o uso de drogas psicotrópicas - envolvendo as 108 maiores cidades brasileiras, aproximadamente 23% da população entrevistada já fez uso de qualquer droga ilícita na vida.
Os dados referentes ao crack, droga com alto potencial de dano à saúde, em curto intervalo de tempo, apontam um aumento do consumo nos últimos anos no Brasil. Estima-se que 1,5% da população já tenha feito, na vida, uso de crack.
Outro levantamento, realizado em 2003, com crianças e adolescentes em situação de rua, nas 27 capitais brasileiras, confirma a disponibilidade e o consumo de derivados de cocaína no Brasil. O consumo de crack foi mencionado em 22 capitais e os maiores índices de uso recente desta substância foram observados em São Paulo, Recife e Curitiba (entre 15 e 26%), seguidas de Natal, João Pessoa, Fortaleza, Salvador e Belo Horizonte (entre 8 e 12%).
Com relação ao álcool, estima-se que 28% dos adultos e 16% dos adolescentes já consumiram bebidas alcoólicas, em excesso, pelo menos uma vez nos últimos 12 meses. Dos bebedores, 23% relataram ter vivenciado problemas em função do consumo excessivo, sendo as complicações físicas, familiares, sociais ou de violência citadas com maior frequência pelos entrevistados.
Informações: Centro Mineiro de Toxicomania - (31) 3217-9000 e O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
08:30- Credenciamento
09:00 - Mesa de Abertura - Os horizontes da atenção aos usuários de álcool/outras drogas
Daniene Santos - Coordenadora da XXII Jornada
Raquel Pinheiro - Diretora do Centro Mineiro de Toxicomania/FHEMIG
Convidados
Debatedora - Ana Regina Machado – Professora da Escola de Saúde Pública de Minas Gerais/ Ex-Diretora do Centro Mineiro de Toxicomania
10:00 - Conferência - O que se quer com a droga?
Convidado - Oscar Cirino - Psicanalista - Gerente Assistencial do Centro Mineiro de Toxicomania
Coordenadora - Daniene Santos – Psicóloga do CMT
11:00 - Debate
11:30 - Intervalo para Almoço
13:00 - Mesa I
• Qual Instituição para o Toxicômano? - Daniene Santos (CMT)
•A Clínica com adolescentes encaminhados pelo Judiciário: um novo desafio ao CAPSad - Mônica Borges (CMT)
• Acolhimento: A primeira porta - Alessandra Sandy, Adryenne Amaral e Daniel de Oliveira (CAPSad – R. Neves)
• Relato de experiências na clínica do álcool e outras drogas na Atenção Primária à Saúde - Maricelia Souza (UBS Ipatinga)
Coordenadora Maria Wilma Santos de Faria - Psicanalista - Membro da EBP e da Associação Mundial de Psicanálise/ Terapeuta do Centro Mineiro de Toxicomania
14:00 Debate
14:30 Intervalo
15:00 Mesa II
• O desafio da construção da Rede de Atenção para usuários de álcool/drogas a partir da Atenção Primária à saúde: articulações entre o PET e o CAPSad de Juiz de Fora - Sonia Ramos (CAPSad Juiz de Fora)
• A clínica no CAPSad - Raquel Pinheiro (CMT)
• Oficina Terapêutica: uma experiência - Tarcísio Lima (CMT)
• Crack é um desafio clínico ou social? Regina Medeiros (PUC Minas)
Coordenador - Gustavo Satler Cetlin - Psicólogo do Centro Mineiro de Toxicomania/ Psicanalista
16:00 Debate
09:00 - Mesa III
• Um campo aberto - Daniela Dinardi (CMT)
• Atribuições do Hospital Geral integrando a rede de atenção ao usuário de crack e outras drogas - Marília Moreira (Hospital Municipal de Ipatinga)
• Consultório de Rua: a construção de uma prática - Ana Paula Leão, Kátia Santos e Luana Nascimento (Consultório de Rua/BH)
• Família e seus (su)jeitos - Maria Wilma Faria (CMT)
• Liberdade condicional e as condições para a liberdade - Gustavo Cetlin (CMT) - Coordenador Arnor Trindade - Psicólogo do CERSAM AD/BH
10:30 - Debate
11:30 - Intervalo para Almoço
13:00 - Mesa IV
• A experiência de estágio no serviço aberto – CERSAM AD - Isabela Saraiva, Laila Rezende e Natália Colen (CERSAM AD/BH)
• A assistência de enfermagem no Centro Mineiro de Toxicomania – Vitória Sandra Nolasco (CMT)
• O Futebol Terapêutico do CAPSad de Vespasiano - Leandro Lannotta (Matriciamento/Vespasiano) e Manoel Afonso (CAPSad/Vespasiano)
• O olho vê o que convém - Janaína Drumond (CMT) - Coordenadora - Daniela M. Dinardi Alves Pinto - Terapeuta Ocupacional / Especialista em Saúde Mental (ESP/MG) e Gestão Hospitalar (ENSP)/ Coord. das Oficinas Terapêuticas do CMT
14:00 - Debate
14:30 - Intervalo
15:00 - Mesa V
• A internação na clínica de Álcool e Drogas: considerações a partir do trabalho no CAPSad de Itaúna - Cristiane Nogueira (CAPSad Itaúna)
• Redução de Danos: do trabalho de campo à clínica em CAPSad - Arnor Trindade (CERSAM AD/BH) e Bárbara Ferreira (Consultório de Rua BH)
• Considerações sobre a fissura - Fernando Grossi (CMT)
Coordenador - Oscar Cirino
16:00 - Debate
16:30 - Encerramento - Daniene Santos
COMISSÃO ORGANIZADORA
Daniene Santos (Coordenadora)
Ana Beatriz Reis
Antonieta Bizzotto
Daniela Dinardi
Fabiana Barbosa Mayrink
Gustavo Satler Cetlin
Ivaney Duarte
Maria Wilma Santos de Faria
Oscar Cirino
Vanuza Melo
Pôsteres:
• Oficina de Sexualidade: Entrelace de Subjetividade e Cidadania - Arnor Trindade e Daniela Oliveira
• Arteterapia a Caminho da Cura - Andrea Miranda Ramalho e Michelle Lorena Camargos
• Diante do papel o artista se faz, mas também se desfaz: O percurso de uma oficina de escrita no campo da toxicomania - Danielle Faustino
Local: Universidade Fumec- Auditório Phoenix – Rua Cobre, 200, B. Cruzeiro – Belo Horizonte
Apoio:
Universidade Fumec
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