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Criado em Quinta, 11 Agosto 2011 18:46
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Última atualização em Quinta, 11 Agosto 2011 18:59
Foto: Juliana Valim
Coletiva marcou lançamento da campanha "Se liga! Crack não é brincadeira!"
Wilson Sideral e Roberto Carlos Ramos falaram sobre a superação do vício das drogas e emocionaram pacientes e convidados durante lançamento da campanha da Fhemig, no Centro Mineiro de Toxicomania - referência estadual no tratamento de dependentes químicos.
A campanha "Se liga! Crack não é brincadeira!", da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - Fhemig, foi lançada nesta quinta-feira (11.08), no Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), unidade desta rede que é referência no tratamento aos dependentes químicos no Estado. Convidados ilustres "apadrinharam" a campanha: o músico Wilson Sideral e o contador de histórias Roberto Carlos Ramos. Os depoimentos deles emocionaram e incentivaram os pacientes - que assistiram à coletiva – a "virar o jogo".
"A Rede Fhemig vem trabalhando para difundir junto à sociedade que o problema da dependência tem cura. Os pacientes podem ser inseridos novamente ao convívio social se são acolhidos e tratados de forma humanizada e, ao mesmo tempo, abrangente, já que este tratamento é multidisciplinar", explica o presidente da Fhemig, Antônio Carlos de Barros Martins.
Pacientes e convidados esperavam ansiosos o início da coletiva. Não somente pela oportunidade de conhecer pessoas famosas, mas pela expectativa em saber como suas histórias podem ter o mesmo final: a superação do vício das drogas, mesmo quando se acha impossível.
O contador de histórias Roberto Carlos Ramos falou sobre sua infância nas ruas de Belo Horizonte, cheirando cola e sendo levado - e fugindo - da então Febem. "A droga te deixa vulnerável e a rua te devora, literalmente, nesta situação". O que parecia não ter solução acabou de forma surpreendente. Roberto foi adotado por uma francesa, que o educou e o encaminhou no rumo certo. "Na Febem, tudo era: 'você pode ter uma casinha, um empreguinho'. Minha mãe francesa dizia que eu podia ter um castelo, se quisesse e lutasse por ele", lembra.
Ele revelou que hoje ganha a vida contando histórias pelo mundo inteiro e tem um padrão financeiro muito acima do que um dia ele podia imaginar. "Adotei várias crianças que viviam na mesma situação que um dia estive. Vou fazer por elas o que recebi. Tenham paciência e perseverança todos os dias e nunca se esqueçam que viemos ao mundo para brilhar. Tentem fazer o melhor agora, porque pode não haver uma segunda oportunidade", aconselhou Roberto à plateia.
Hoje, Roberto Carlos é pedagogo, mestre em Educação pela Unicamp, pós-graduado em Literatura Infantil pela PUC-MG, membro da Associação Internacional de Contadores de Histórias e Valorizadores da Expressão Oral Mundial (sediada em Marselha, França) e eleito como um dos 10 maiores contadores de histórias do mundo, em Seattle (EUA). Foi ainda o personagem principal do filme "O contador de Histórias", do diretor Luiz Villaça
Wilson Sideral lembrou que é a segunda vez que participa de campanhas da Fhemig no combate às drogas. "Estou orgulhoso de poder continuar ajudando numa causa em que acredito muito". O músico contou sua trajetória desde os 16 anos, quando experimentou o primeiro baseado. O passo mais devastador foi o uso de cocaína, que o fez pedir ajuda. "Acredito que tem pessoas com maior disposição para a dependência química. Tenho consciência que sou doente; por isso, todos os dias comemoro quando acordo: 'tô conseguindo".
Sideral lembrou a importância do apoio da família ao usuário: "você sabe que eles não vão desistir, vão estar ali ao seu lado". E terminou elogiando a iniciativa: "Que Deus ilumine todos vocês e esta campanha. Com as matérias sendo divulgadas, as pessoas vão saber que estamos tentando ajudar, que existe esta preocupação. O Governo de Minas e a Fhemig tem feito um trabalho maravilhoso. É preciso reconhecer quando precisamos de ajuda. E, se vocês estiverem dispostos, a gente vai estar aqui. Fiquem firmes!".
O vice-presidente da Fhemig, Ronaldo João da Silva, salientou que os usuários não apenas são vítimas de sua própria dependência química, mas também da violência. "O Governo de Minas teve, mais uma vez, coragem para enfrentar uma guerra: desta vez, contra o terrível poder das drogas. Nosso papel é ajudar com a nossa experiência".
A diretora do Centro Mineiro de Toxicomania avalia a importância da campanha: "Isto prova que, além de cumprir nosso papel assistencial, estamos cumprindo nossa função social, extrapolando os muros do CMT. É fundamental ir além do tratamento, abrir um espaço de discussão com a sociedade. Só assim começaremos a ter resultados positivos nesta batalha".
Funcionários da Comunicação da Fhemig abordaram pedestres e panfletaram material, caracterizados com máscaras de gesso e roupas pretas, seguindo a identificação visual da campanha.