A vacinação oral para crianças e adolescentes de até 18 anos de idade, alérgicos ao leite de vaca, é um dos muitos serviços gratuitos oferecidos pelo Hospital Infantil João Paulo II, da Rede Fhemig, através do Núcleo Allos (Centro de Referência Especializado na Prevenção e Tratamento de Alergia Alimentar e Anafilaxia).
“Disponibilizamos para essa faixa etária da população um dos mais modernos procedimentos em se tratando de imunoterapia oral”, frisou o coordenador do programa, pneumologista e alergista pediátrico, Wilson Rocha Filho.
Segundo Rocha, cerca de 5% das crianças no país sofrem de algum tipo de alergia alimentar. Desse total, cerca de 90% apresentam intolerância imunológica a algum dos seis alimentos padrões que são leite, ovo, trigo, soja, peixe e amendoim. “A vacina, que é administrada diariamente, durante um período de dois anos, contribui para desenvolver no organismo das crianças tolerância imunológica ao leite de vaca”, considerou.
Mas, para Rocha, diagnosticar o problema é que costuma ser complicado. “Há muita confusão, já que os sintomas são parecidos com os de outras doenças, como a intolerância à lactose”, afirma. “Por isso, uma análise da história clínica detalhada da criança é a melhor forma de diagnóstico”, complementa. Quando os pais são alérgicos, o cuidado deve ser redobrado – o risco de desenvolver o mal chega a 80%.
Triagem
“Caso haja suspeita de alergia ao leite de vaca, é preciso prescrever uma dieta de exclusão para tirar a dúvida”, considerou. Nesse caso, o leite e derivados são excluídos da dieta alimentar por um período pré-determinado, e observa-se se os sintomas desaparecem.
Para comprovar o diagnóstico, logo após o término da dieta de exclusão, a criança consome o alimento que poderia estar por trás da alergia e fica sob observação. Trata-se do teste de provocação, ou desencadeamento. “Somente após a comprovação do diagnóstico, é que prescrevemos a vacina”, frisou Wilson.
“Nesse período”, lembrou Rocha, “as crianças recebem acompanhamento da equipe multidisciplinar do hospital, composta por alergista, gastroenterologista, nutricionista, psicólogo, e assistente social, que é referência do Estado”.
Atualmente a equipe multidisciplinar do Hospital Infantil João Paulo II realiza de 80 a 100 atendimentos diários de pacientes alérgicos ao leite de vaca. “Mas estamos preparados para atender até 150 crianças”, frisou o pneumologista.