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Criado em Segunda, 13 Junho 2011 15:33
Foto: Rosemeire Carvalho
Wanderci concorre ao Prêmio Bom Exemplo como cidadão e ainda é exemplo de superação
Finalista do Prêmio Bom Exemplo, da Rede Globo, Wanderci Rodrigues de Almeida, hoje paciente do Hospital Alberto Cavalcanti, mantém uma escolinha de futebol que ajudou várias crianças do Bairro Pindorama a se encaminharem na vida através do esporte.
Paciente do HAC, Wanderci Rodrigues de Almeida, é finalista do Prêmio Bom Exemplo, da Rede Globo
Wanderci Rodrigues de Almeida, um dos cinco finalistas do Prêmio Bom Exemplo, da Rede Globo, já se sente recompensado apenas com a indicação e diz não ter preocupação de ganhar. O mais importante para ele é dar visibilidade ao projeto “Meninos do Pindô” e garantir sua continuação.“Pra quem não esperava ganhar nem uma bola, isso já foi uma vitória”.
Desde abril deste ano, Wanderci é paciente do Hospital Alberto Cavalcanti, da Rede Fhemig, onde faz quimioterapia e dá exemplo de vida e superação. Mesmo com a saúde debilitada, não se esquece dos cuidados com a escolinha, que na sua ausência está sendo conduzida por um auxiliar. “A gente não pode abandonar os meninos lá não; eles precisam muito de mim”, afirma.
O “Meninos do Pindô” é uma escolinha de futebol fundada em 2005, por Wanderci, para os meninos que “matavam” aulas para jogar bola nas ruas do Bairro Pindorama. “Passava diariamente pelo campinho e via os meninos jogando bola no horário da escola”, conta. No início eram apenas 14; hoje o Projeto Meninos do Pindô tem mais de 85 alunos, de 7 a 15 anos.
No começo ele ganhou algumas doações de comerciantes do bairro para a compra de uniformes, mas hoje toda a manutenção da escola é feita com seus próprios recursos. Wanderci tira do próprio bolso o dinheiro para fretar os ônibus para as excursões, quando o time participa de campeonatos.
A infância difícil, com a família humilde no interior de Minas, e a rotina pesada da profissão de pedreiro, não tiraram de Wanderci a sensibilidade de se preocupar com os problemas alheios. A esposa, Mônica Maria Almeida, com quem está casado há 12 anos, sempre apoiou a iniciativa do marido, por saber da importância dessa ajuda para o desenvolvimento dos jovens da região. Ela e a sogra lavam os uniformes do time.
Para a terapeuta ocupacional do HAC, Cidélia Carmem Sousa, que atuou junto com Mônica para inscrevê-lo no Prêmio, o envolvimento dele com esse trabalho social e o carinho que recebe de todos são fundamentais para o sucesso de seu tratamento. “Nosso objetivo foi além do esperado. Ele está investindo energia em outra coisa e tirando o foco da doença” informa.
Bons resultados
Os frutos do trabalho de Wanderci já começaram a aparecer: dois ex-alunos estão jogando no time juvenil do Vila Nova, de Nova Lima, e outros dois treinam no Cruzeiro. Orgulhoso de “seus meninos”, ele conta que só aceita alunos que estejam frequentando a escola e a igreja, regularmente. Os que apresentam notas vermelhas no boletim escolar ficam no banco de reservas. “Quem quiser jogar vai ter que estudar”, enfatiza.
Emocionado, lembra que as drogas atraem muitos adolescentes e os desviam do bom caminho. “Infelizmente a maldita da droga tira o futuro das crianças”, lamenta ele, que já trabalhou na Febem e conhece bem essa realidade.
Sobre esses seis anos de amor e dedicação aos “Meninos do Pindô”, Wanderci diz que é uma experiência muito positiva e que os cuidados com as crianças deveriam ser sempre prioridade de todos. O carinho que recebe deles é a recompensa de todos os seus esforços:“Eles são como meus filhos, me tratam como pai”.