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Última atualização em Terça, 05 Outubro 2010 09:36
Foto: André Brant
Futuras mães participam do plantio de flores na Maternidade Odete Valadares no Dia Mundial sem Tabaco
O foco deste ano é o tema “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres”, lançado pelo
Instituto Nacional do Câncer (INCA). O evento aconteceu na Maternidade Odete Valadares (MOV) com a presença da diretora, Fátima Guedes, do diretor clínico Frederico José Amedée Peret, funcionários e pacientes, além de membros da Secretaria de Estado de Saúde. Como ato simbólico foi feito o plantio de um jardim de rosas na fachada do hospital. Ao som de uma apresentação musical em homenagem às mulheres foram distribuídas rosas e um material informativo da campanha do INCA.
O pneumologista do
Hospital Maria Amélia Lins (Fhemig), Eliazor Campos Caixeta, explica que o cigarro contém mais de 4 mil substâncias, entre partículas voláteis e químicas, como alcatrão e nicotina. Estes elementos químicos causam o envelhecimento precoce porque atacam as fibras de colágeno da pele. “Além de comprometer a beleza, a mulher que fuma tem grandes chances de ter complicações durante a gravidez (como hipertensão) ou mesmo de ficarem estéreis, pois a nicotina pode afetar os cílios (células ricas em proteínas) da trompa”, afirma o médico. Eliazor explica que o cigarro pode causar problemas crônicos como bronquite, asma, trombose, osteoporose e afetar o coração, além de obstruções vasculares que podem levar à amputação de membros.
Fumar na gravidez colocar em risco a saúde da mãe e do bebê
O diretor clínico e obstetra da MOV, Frederico Peret, explica que fumar durante a gravidez aumenta os riscos de aborto espontâneo e de descolamento da placenta. Além disso, o bebê nasce com baixo peso, inclusive nos casos de mulheres que convivem com pessoas fumantes. Frederico esclarece ainda que um outro risco é a morte súbita de bebês pouco depois do nascimento, nos casos de mães que fumaram ao longo da gestação. “Já foi provado também que há consequências neurológicas para as crianças que receberam nicotina ao longo da sua formação no útero materno. Neste estudo, foi identificado, nos primeiros anos de vida, um déficit na atenção e uma irritabilidade maior nestas crianças, se estendendo à fase da adolescência e aumentando os riscos destes se tornarem fumantes”, relata o diretor.
Na maternidade, as gestantes recebem, desde o pré-natal, orientação dos obstetras sobre estes malefícios do cigarro durante o período gestacional. Apesar disso, é alto o número de mulheres que fumam durante a gravidez, na percepção dos médicos obstetras. Em 2004, foi feito um levantamento na unidade, com 220 gestantes, sobre a ocorrência de hipertensão, que questionava também o tabagismo. Foi comprovado que 18 % das gestantes tinham este mau hábito.
Estudos mostram que é difícil manter a decisão de parar de fumar
Outro estudo citado pelo coordenador clínico é uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul, na Universidade de Pelotas, publicada em 1997 e desenvolvida ao longo de 10 anos, com 893 mulheres gestantes da região. Foi provado que 33% das grávidas fumavam no início da gravidez, com uma média de 15 cigarros por dia, e que 25% permaneciam fumando até o final da gestação. “O tabagismo é uma questão de sustentabilidade, que vai muito além da ética. Ser responsável e não fumar é uma obrigação de qualquer mãe durante a gravidez. Permanecer e continuar sem fumar, após a gravidez, é sustentar e evitar o tabagismo passivo, que causa os mesmos males que o cigarro provoca ao fumante, porém com gravidade menor”, explica o obstetra. Ele informa não haver nenhum tratamento que garanta que a mulher consiga parar de fumar durante e ou após a gravidez.
Não se pode esquecer de outro problema grave que o cigarro pode causar: o câncer. “O uso do cigarro pode causar vários tipos de cânceres, principalmente os de pulmão” esclarece o pneumologista Eliazor Caixeta. De acordo com o INCA, o tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer, 90% das causadas por câncer de pulmão, 25% daquelas por doença coronariana, 85% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% por doenças cerebrovasculares. Outras doenças que também estão relacionadas ao uso do cigarro são: aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual no homem. Ainda segundo dados do INCA, no Brasil, estima-se que a cada ano, 200 mil pessoas morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo, número que não para de aumentar.
O SUS oferece tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar. Para saber sobre como deixar de fumar ou encontrar um centro de tratamento mais próximo de sua casa, ligue para 0800-611997.