Fhemig realiza ciclo de debates sobre situação da tuberculose no estado

 

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Especialistas se reuniram no auditório do Hospital Júlia Kubitscheck
Foto: Rosemeire Carvalho

 

Na última sexta-feira, 22/03, véspera do Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24 de março), o Núcleo de Ensino e Pesquisa do Hospital Júlia Kubitschek, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Rede Fhemig), realizou um ciclo de debates que reuniu profissionais da saúde para debater o tema “Abandonar o tratamento é desistir da vida”.

Um dos problemas mais graves para o controle da doença é o abandono do tratamento, que em Belo Horizonte chegou a 17,3% dos casos em 2011 e 14% em Contagem, entre 2002 e 2011. Na abertura do evento, o diretor do HJK, Henrique Timo, salientou a importância da participação do Serviço de Pneumologia do hospital (que é referência em Tisiologia e Pneumologia no estado) no Comitê Respira Minas, instituído pela Secretaria Estadual de Saúde em 2012, com a finalidade de elaborar a política de atenção à saúde respiratória do Estado de Minas Gerais, de acordo com estratégias da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dados do Ministério da Saúde apontam que em 2011 foram estimados 8,7 milhões de casos novos no mundo e 1,4 milhões de mortes. Entre os casos novos, 13% são co-infectados com o HIV. No Brasil são notificados cerca de 70 mil casos novos de tuberculose a cada ano, com cerca de 3 mil mortes (13 por dia).

A pneumologista do HJK, Munira Oliveira, falou sobre a necessidade de internar os pacientes que se encontram em situação de vulnerabilidade social (como moradores de rua, por exemplo) para que não interrompam o tratamento. A coordenadora do Ambulatório de Tuberculose do Hospital das Clínicas, Silvana Miranda, destaca a importância de manter o paciente no esquema básico de tratamento (evitando-se o abandono), para que ele não desenvolva resistência e tenha que usar medicamentos de 2ª linha (mais fortes e mais caros). “A luta contra a tuberculose passa pela luta contra a pobreza”, afirmou a coordenadora.

Ela aponta como outro problema as sequelas da doença, como falta de ar e tosse. “É um paciente que se torna crônico”, alertou. Para Silvana, quanto mais rápido é o tratamento, menor é o custo para o Estado e maiores os benefícios para o paciente.

Respira Minas

De acordo com o coordenador do Respira Minas, Edilson Corrêa de Moura, 90% dos municípios mineiros têm implantado o Programa de Controle da Tuberculose, que segue os mesmos moldes recomendados pelo Ministério da Saúde em todo o País. Segundo ele, 70% da carga de tuberculose no estado está concentrada em 80 municípios, sendo 34% na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que também registra 58% de abandono do tratamento. Muitos pacientes já chegam aos serviços de saúde em estágio avançado da doença. Segundo Moura, 59% dos casos são notificados nos centros de saúde e 40% em Unidades de Pronto Atendimento ou pronto-socorro. A situação está longe do ideal, já que 85% das ações para o controle da TB devem ser feitas na atenção primária. “A atenção primária à saúde é o pilar estratégico para o controle da tuberculose”, afirmou Moura.

Comorbidades

As principais doenças associadas à tuberculose (comorbidades) são a Aids, o diabetes e o alcoolismo. Em Minas, 37,1% dos casos de abandono do tratamento estão relacionados ao uso abusivo de álcool. Dos 1.336 casos registrados em Contagem, no período de 2002 a 2011, 52,96% estavam associados ao uso de álcool e 26,96 à Aids. Para Francisco Adalton Mota, portador do vírus da Aids há 30 anos, o evento foi muito oportuno porque o debate é útil para toda a sociedade. “É importante colocar as pessoas a par do que está acontecendo. Cada pessoa que se informa e se atualiza é um semeador da informação”, disse.

Perfil epidemiológico do paciente

Dados registrados no município de Contagem apontam que a forma prevalente da doença é a pulmonar, com maior incidência entre pessoas de ensino fundamental. Entre 2002 e 2011 68% dos pacientes eram do sexo masculino e 32% do feminino; 68% obtiveram a cura. Quanto à idade, a incidência é maior nas pessoas acima de 60 anos.