Estudos apontam que os acidentes de trânsito, além da perda de vidas, da incapacitação para o trabalho, entre outros problemas, causam um impacto negativo de R$ 3 bilhões na economia mineira. Nesta Semana Nacional do Trânsito, comemorada entre 18 a 24 de setembro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) alerta para a necessidade de reversão deste quadro, focada na conscientização para a prevenção de acidentes.
Médico com experiência em Terapia Intensiva, Welfane destaca que pesquisas internacionais recentes demonstram que entre as pessoas que falecem em virtude de acidentes de trânsito, 50% morrem instantaneamente no local. Daqueles que são encaminhados para os serviços de saúde, cerca de 35% do total de casos, o óbito ocorre nas primeiras 24 horas de internação. “Isto quer dizer que uma rede de atendimento perfeita conseguiria reduzir no máximo 50% dos óbitos. As outras mortes só podem ser evitadas por fatores alheios aos serviços de saúde”.
Em Minas, os acidentes de trânsito ocupam a quarta posição no Índice de Anos de Vida Perdidos (IAVP), estatística que relaciona a expectativa de vida da população com a idade média em que ocorrem os óbitos, podendo reduzir em até 5% a expectativa de vida, superando doenças infecciosas, hipertensivas e diabetes.
Estima-se que em Minas Gerais ocorram cerca de 120 mil acidentes por ano, destes 50 mil deixam vítimas. O resultado são as quase quatro mil mortes, 60 mil feridos anuais. “Os acidentes sobrecarregam os serviços de urgência, causando dificuldades de internação dos pacientes”, explica.
O setor de saúde pode intervir apenas na questão do acolhimento dos pacientes que sofreram acidentes de trânsito. Para isso, o Governo de Minas vem promovendo, desde 2003, ações no sentido de estruturar uma rede de atendimento regionalizada. Um exemplo é o início da construção, em Montes Claros, do Hospital do Trauma. A obra está prevista para o próximo ano, com investimentos de aproximadamente R$ 40 milhões.
“Criamos e consolidamos a Rede de Urgência e Emergência do Norte de Minas e estamos agora elaborando o modelo para a macrorregião Centro. Desta forma estaremos mais preparados para responder às demandas de saúde provocadas pelo trânsito”, avalia o coordenador Estadual de Urgência e Emergência da SES, Rasível dos Reis Santos Júnior.
De acordo com ele, evidências internacionais demonstram que a regionalização é a melhor estratégia de intervenção. “Num estudo comparativo de 50 estados nos EUA, a mortalidade é em média 8% menor nos estados que adotam sistemas regionais de atendimento”, aponta.
Entre os objetivos estão o correto encaminhamento do paciente, ao ponto de atenção certo, para assistência mais eficaz no menor tempo possível. “Não basta encaminharmos a pessoa para o hospital mais próximo. Deve haver uma conjugação de todos estes fatores”.
Para realizar todas estas propostas, destacam-se ações como a regionalização do SAMU (192) e dos hospitais de referência, expansão de leitos de UTI e instalação de Centrais de Regulação. “No entanto devemos ressaltar que mesmo com melhoria dos recursos disponíveis, sem atuação no sentido de prevenir acidentes, não é possível desafogar o sistema de saúde”, encerrou.
•Estima-se que mais de 34 milhões de pessoas morreram de acidentes de trânsito desde a invenção do automóvel.
Taxa de crescimento conforme o IBGE
•População: 1,4%
•Frota - 7,34%
•Mortes em decorrência de acidentes-6,21%
Situação no Mundo
•1,2 Milhão de mortes por ano
•46% são vítimas vulneráveis (pedestres, ciclistas e motociclistas)
•90% dos acidentes ocorrem em países onde a renda é baixa ou intermediária, apesar de possuírem apenas 48% da frota mundial de veículos
•Estimativa: 2,4 Milhões de mortes por ano até 2030
Situação no Brasil (conforme aferido no Datasus)
•40.000 mortes por ano
•600.000 feridos
•500.000 acidentes com vítima
•1,2 milhões de acidentes
•Custo de 30 bilhões de reais (1,2% do PIB)